Origem do termo "Caparaó"

Mais para o sul, penetrando já na região mineira, entre a zona litorânea e a Serra do Espinhaço, que foi o país dos Botocudos, dos Poris, e de numerosas tribos Tapuias, há raridade dos nomes selvagens na geografia local. Prevalecem denominações portuguesas entre alguns nomes tupis.

Dificilmente se encontrará ai um nome Tapuia, Botocudo, Pori ou Camaca, designando um monte, um rio ou um povoado. Caparaó, e outros, são bem poucos vestígios da língua dos primitivos dominadores, acaso salvos do dilúvio tupi ou português, que o bandeirante ou missionário estendeu por toda a parte.

in SAMPAIO, Teodoro; O Tupi na Geografia Nacional - Editora Brasiliana - Volume 380, págs 60 a 73:

CAPARAÓ é parente de CAJAPIO ou CARNAPIJO
CAPARAÓ vem de IGAPARA-OG
CAA-APARA é "pau torto" ou "folha morta"
IG-APARA é "rio torto"
CAPARAO quer dizer "casa do rio torto"
CAA-ATA-GUA é "mato rijo, mato bravo, mato alto"
CATAGUA era o sertão em 1710, incluindo o distrito de Minas Gerais
CAA é "mato, árvore"
CAAPORA ou CAA-Y-GOROA é "coisa silvestre, do mato"; em guarani.
CAPARAO é, então, "águas cristalinas que descem a montanha", no saber da comunidade local.
CAPARA (KAPARA ou TABUA, THUPA DOMINGENSIS) - própria para esteiras, tapumes de casa, de estábulos.
CAPARO ("+ oca, oc, ó") = casa de capara, feita de esteiras, estas usadas para acampamento expostos ao vento e ao frio dos lugares altos; há entretanto uma certa insitência em derivar o topônimo de (caá + apara - oó = grosso).
Ora, oó = grosso não é tupi; para Nelson de Senna 100e, (yg + apara + og) = a casa do rio curvo.
in GREGÓRIO, Irmão José; Contribuição Indígena ao Brasil - União Brasileira de Educação e Ensino.



A Guerrilha do Caparaó

A Guerrilha de Caparaó, ocorrida entre fins de e início de 1967, foi provavelmente  o primeiro  movimento  no país de resistência armada à ditadura. O cenário de tal movimento, a região do Parque Nacional de Caparaó, localizado na  divisa  dos  estados  de  Minas  Gerais  e  Espírito  Santo,  era  considerado  um  ponto estratégico, havendo indícios de que grupos de esquerda  já haviam realizado estudos de reconhecimento para a implantação de focos guerrilheiros ainda no governo João Goulart e logo após o golpe de 1964: “Moniz Bandeira tem informações de que o local havia sido estudado para a implantação do foco com militantes das Ligas Camponesas desde de 1963 e que a POLOP tentou fazer aí em 1964, depois do golpe, com sargentos e marinheiros, mas o plano foi abortado”. Um dos líderes da Guerrilha de Caparaó, Amadeu Rocha, também afirma que a região já havia sido explorada por outros movimentos: “A ‘POLOP’ (Política Operária) não deu apoio à Guerrilha, mas simplesmente cedeu a área, porque não tinha condições de explorá-la. Eles tinham um trabalho feito lá...”

Apesar do  envolvimento de alguns civis ligados a organizações de esquerda, os integrantes  da  Guerrilha  eram  em  sua  maioria  militares,  principalmente  ex-sargentos  e marinheiros que participaram das manifestações em favor das reformas de base no governo de João Goulart.

O movimento ainda contava com o apoio do ex-governador do Rio Grande do Sul, Leonel Brizola, na época exilado no Uruguai. Brizola havia tentado resistir ao golpe assim que  este  ocorreu,  mobilizando  políticos  e  militares  fiéis  à  Jango.  Entretanto,  com  a desistência do presidente de resistir ao golpe de Estado, o ex-governador embarca para o país vizinho de onde passa a tramar uma reação armada ao grupo que havia se usurpado o poder. É no exílio que Brizola mantém contato com o governo cubano, conseguindo dinheiro e o envio de homens ao país no intuito de realizarem o treinamento guerrilheiro. Segundo Denise  Rollemberg,  cinco  integrantes  da  Guerrilha  de  Caparaó   teriam  realizado  o treinamento em Cuba.