Avaliação do risco de extinção da herpetofauna no Brasil

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O processo de avaliação dos anfíbios no Brasil iniciou em 2010. O Dr. Célio F. B. Haddad, professor da UNESP-Rio Claro, participou do processo na qualidade de Coordenador do Táxon, pois além de ser um conceituado especialista em anfíbios é respeitado pelos herpetólogos, possibilitando dessa maneira a agregação dos pesquisadores ao processo. Sim, porque, a participação da comunidade científica foi fundamental para a qualidade e legitimidade do resultado do trabalho.

Para a avaliação dos anfíbios foram realizadas quatro oficinas, uma em 2010, duas em 2011 e a última em junho de 2012. Na primeira oficina foram avaliadas 91 espécies e participaram como avaliadores 21 pesquisadores, representando 15 instituições de ensino e/ou pesquisa. Na segunda foram avaliadas 251 espécies e 25 pesquisadores participaram representando 18 instituições. Na terceira, 22 pesquisadores, representando 14 instituições, avaliaram 282 espécies. Na quarta, e última oficina, foram avaliadas 282 espécies e contou com a participação de 26 avaliadores, representando 18 instituições. A indicação dos avaliadores para a oficina levou em consideração o conhecimento sobre a história de vida das espécies indicadas, assim como, o conhecimento das ameaças sobre a espécie e/ou seu hábitat.

OficinaIserpentes - Foto Acervo RAN OficinaIIserpentes - Foto Acervo RAN
OficinaIII - Foto Acervo RAN OficinaIV - Foto Acervo RAN

Participantes das oficinas de avaliação do estado de conservação dos anfíbios no Brasil. Fotos: acervo RAN.

Em toda oficina houve um breve treinamento sobre a aplicação do método de avaliação do grau de risco de extinção de uma espécie desenvolvido pela IUCN. Os avaliadores trabalharam em grupos, divididos por região geográfica/espécie. Ao final do dia, em plenária, o resultado da avaliação de cada espécie era apresentado e validado por todos. Nas oficinas houve sempre a presença de facilitadores, cuja função era a de auxiliar os participantes na aplicação do método. Em todas oficinas o Dr. Márcio Roberto Costa Martins, professor da USP e Autoridade da Lista Vermelha (RLA) da IUCN para anfíbios, participou como facilitador, assim como, a Sra. Yeda Soares de Lucena Bataus MSc, do RAN e o Sr. Carlos Eduardo G. Carvalho, MSC da COABIO. Na terceira oficina, houve a participação da Dra. Ariadne Angulo, também RLA da IUCN para anfíbios. A participação do Dr. Márcio foi de suma importância, pois garantiu ao processo adequabilidade ao método e a da Dra. Ariadne possibilitou a ratificação da condução dos trabalhos. É importante ressaltar que o RAN contou com a participação de seus técnicos e dos seguintes consultores para a busca e compilação das informações sobre a história de vida das espécies e registros de ocorrência: Sr. Mágno Vicente Segalla, Sr. João Gabriel Ribeiro Giovanelli Msc e Dr. Iberê Farina Machado, e, para a elaboração dos mapas de distribuição das espécies contou com a equipe do NGeo do RAN, Sras. Flávia R.Q.Batista, MSc e Vívian Mara Uhlig, MSc.

A avaliação dessas 906 espécies resultou em: uma espécie extinta (EX), 14 criticamente em perigo (CR), oito em perigo (EN), 19 vulneráveis (VU), 27 quase ameaçadas (NT), 158 dados insuficientes (DD), 652 menos preocupantes (LC) e 27 espécies como não aplicáveis (NA). Agora as fichas com o resultado da avaliação de cada espécie serão encaminhadas para a etapa de validação do resultado das oficinas, que será conduzida pela COABIO/ICMBio e contará com a participação de pessoas experientes na aplicação do método de avaliação da IUCN. Com intuito de dar publicidade à etapa técnico-científica do processo, o ICMBio publicará de forma eletrônica e impressa o resultado da avaliação de cada espécie em um volume relacionado ao táxon.

Após a etapa de validação o ICMBio encaminhará a lista de anfíbios ameaçados de extinção ao Ministério do Meio Ambiente, para apreciação e publicação oficial da lista.

O que se pôde observar ao longo do processo foi que a maioria das espécies que se encontram ameaçadas, estão assim, em decorrência da perda de hábitat ou da qualidade, em decorrência da expansão da atividade agropastoril, da ocupação urbana, da poluição do solo e dos recursos hídricos, barramentos etc.

Em relação a atual lista oficial da fauna brasileira ameaçada de extinção onde há 15 espécies de anfíbios ameaçados e uma extinta, a a princípio, podemos dizer que houve um acréscimo de mais de 100%, pois após a avaliação de 906 espécies 41 estão ameaçadas de extinção. 

grupo trab anfibio

Grupos de trabalho - IV Oficina de avaliação do estado de conservação dos anfíbios no Brasil, ACADEBIO, Iperó-SP, de 25 a 29 de junho de 2012.