Destaques

14/03/16

SECA E INCÊNDIO FLORESTAL CASTIGAM AS RESERVAS NO ESPIRITO SANTO

RESERVA BIOLÓGICA DE SOORETAMA E RESERVA NATURAL VALE SEVERAMENTE ATINGIDAS PELO FOGO

O estado do Espirito Santo enfrenta uma das maiores crises hídricas dos últimos 70 anos, com graves reflexos sobre os setores que dependem da estabilidade dos recursos hídricos, como o abastecimento público, agropecuária e conservação da biodiversidade.

O abastecimento público em vários municípios da região centro leste e norte do estado, vêm adotando algum tipo de racionamento e distribuição parcial de água através do uso de carros pipas para evitar o colapso no atendimento aos usuários.

A agricultura da região baseada na produção de café conilon irrigado, já prevê uma queda variável entre 30 a 50 % da colheita na safra de 2016, pois os estoques de água nos corpos hídricos naturais e represas, já atingiram seu ponto máximo de exaustão e os seus leitos expõe uma camada de lama ressecada e com rachaduras provocadas pela incidência direta dos raios solares.

SITUAÇÃO DAS LAGOAS NO INTERIOR DA REBIO SOORETAMA

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Foto: Antonio de Padua Almeida

Do ponto de vista ambiental, a conservação da biodiversidade certamente é uma das áreas mais afetadas, pois a natureza dos elementos da flora e da fauna não dispõe dos mesmos instrumentos mitigadores utilizados pelo ser humano para o enfrentamento de eventos críticos como este que esta ocorrendo na região, tornando-se muitas vezes vítimas das mazelas humanas no trato com o meio ambiente.

SITUAÇÃO DOS CÓRREGOS NO INTERIOR DA RESERVA BIOLÓGICA DE SOORETAMA

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Foto: Valdir M Santos

Neste aspecto o grupo mais afetado são os organismos aquáticos fluviais, que dependem dos corpos hídricos para sua sobrevivência e quando estes secam, toda a vida que depende desses habitats se extingue.

 

A Reserva Biológica de Sooretama/ICMBio no centro-leste do ES enfrenta o maior incêndio florestal da sua história, desde o dia 29-02-2016, onde já foram consumidos em torno de 2000 hectares de vegetação nativa da Mata Atlântica, além de uma grande área da Reserva Natural VALE constituídas em boa parte por vegetação predominante em solos turfosos de áreas úmidas e alagadas (ciperácea, poácea e arácea), vegetação arbustiva de ilhas flutuantes, além da floresta ombrófila densa, distribuída em mais de 50 quilômetros de perímetro de área queimada ao longo das calhas dos rios Barra Seca, Cupido e seus tributários.

PERIMETRO PARCIAL DA ÁREA ATINGIDA PELO INCÊNDIO EM VERMELHO

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CALHA DO RIO BARRA SECA ATINGIDA PELO INCÊNDIO

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Foto: Valdir M Santos

                              INCÊNDIO NA FLORESTA DENSA

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                               Foto: Arquivo ISAS

As condições atmosféricas representadas pela longa estiagem, altas temperaturas, baixa umidade relativa do ar, predominância de ventos fortes, a falta de água nos córregos e rios que banham a Unidade de Conservação, grandes distâncias inacessibilidade às áreas, dificultam a extinção do incêndio que avança sobre a floresta ombrófila densa.

Outros fatores como o hábito da população em utilizar o fogo como recurso para manejo de áreas para cultivo nas propriedades rurais ou mesmo para verem-se livres de algum tipo de lixo e a presença de caçadores no interior da reserva, tem se mostrado como os principais elementos que colocam em risco a conservação da biodiversidade no maior fragmento de Mata Atlântica do ES constituído pela Reserva Biológica de Sooretama, Reserva Natural VALE, RPPNs Mutum Preto, Recanto das Antas e área particulares adjacentes, pois em dezembro de 2015 foram consumidos 160 hectares de floresta por um incêndio criminoso.

Desde os primeiros momentos do incêndio as equipes do ICMBio (Rebios de Comboios, Córrego Grande, Córrego do Veado, Flona de Rio Preto, Brigadistas da Serra dos Órgãos-ICMBio e IBAMA), Reserva Natural VALE e PROSSEGUR atuam intensamente no controle do fogo, mas devido as dimensões que o incêndio poderia alcançar se a chuva não chegasse a Reserva Biológica de Sooretama buscou o apoio do Corpo de Bombeiros de Linhares que intermediou junto ao Governo do Estado, a mobilização das unidades de Linhares, São Mateus, Nova Venécia, Marechal Floriano e equipe do NOTAER da Policia Militar, para atuarem efetivamente com toda sua estrutura na coordenação e combate ao incêndio.

 BRIEFING MATINAL COM AS EQUIPES DE COMBATE AO INCÊNDIO6 GEDC0649 - Cópia

Foto: Valdir M Santos

EQUIPES EM TRABALHO DE COMBATE AO INCÊNDIO NO CÓRREGO CUPIDO

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Foto: Valdir M Santos

Desde o dia 12-03-2016 uma equipe de 100 militares do 38º Batalhão de Infantaria de Vila Velha no ES, vieram contribuir no combate ao incêndio na Reserva Biológica de Sooretama. Diversas outras entidades estão apoiando diretamente as atividades de combate desde o fornecimento de carros pipas, maquinas, moto bombas, força de trabalho, ferramentas e alimentação para um grupo aproximado de 200 homens envolvido na operação, dentre eles as Prefeituras de Jaguaré, Sooretama e Linhares, LASA Destilaria, ECO 101, EMFLORA, Caliman Agrícola, o Instituto Socioambiental Sooretama-ISAS, voluntários vizinhos da UC e diversas entidades e pessoas que tem contribuído com fornecimento de lanches para os combatentes.

BRIEFING CORPO DE BOMBEIROS, 38º BATALHÃO INFANTARIA DE VILA VELHA E ICMBio8 GEDC0784 - Cópia

Foto: Valdir M Santos

  PARADA PARA ALMOÇO - BOMBEIROS, EXÉRCITO E BRIGADISTAS ICMBio

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Foto: Valdir M Santos

Devido as condições adversas o avanço da linha de fogo poderia ter assumido proporções gigantescas na Unidade de Conservação e a solução definitiva para o problema depende de uma boa chuva para eliminar todos os focos que tendem a se expandir nas horas mais quentes do dia. Embora contido o avanço sobre uma área maior do bloco florestal de aproximadamente 50.000 hectares de Mata Atlântica, os prejuízos sobre a biodiversidade são incalculáveis, pois certamente milhões de seres vivos de menor porte que habitavam os ambientes atingidos sucumbiram com o fogo, sendo muito comum o registro de imagens de animais de maior porte destruídos pelo fogo.

                   AA MURILO DA FLONA DO RIO PRETO EXPONDO UMA VITIMA DO INCÊNDIO

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                    Foto: Arquivo ISAS

Em plena época de aquecimento global as pessoas ainda insistem em utilizar o fogo de forma irresponsável e quase sempre os resultados são catastróficos. Seus efeitos muitas vezes passam despercebidos sob o ponto de vista humano, que esta acostumado a perceber somente aquilo que lhes atinge individualmente. Poucos se importam com o universo ao seu redor, onde os rios são apenas espaços sem vida de onde se extrai a água para atender as necessidades humanas e para onde são direcionados os esgotos. Onde as florestas são apenas espaços que atrapalham o desenvolvimento do meio rural e que aos poucos vão sendo suprimidas para aumentar as áreas de plantio, pouco se importando com a vida animal que delas dependem. E assim o desequilíbrio ambiental vai se acentuando e poucos são chamados a pagar pelos prejuízos causados aos ambientes naturais destinados a conservar amostras da biodiversidade regional.

Texto:

VALDIR MARTINS DOS SANTOS

ANALISTA AMBIENTAL

RESERVA BIOLÓGICA SOORETAMA/ICMBio

 

02/01/16

MATA ATLÂNTICA NO ESPIRITO SOFRE COM INCÊNDIOS

Muitos municípios no Estado do Espirito Santo se encontram em situação de emergência não dispondo de água para o abastecimento normal da população. Devido a longa estiagem inúmeros incêndios estão acontecendo em fragmentos particulares de floresta atlântica no norte do estado e em Unidades de Conservação, o que vem agravar mais a crise ambiental da região pela diminuição das áreas de cobertura florestal.

Em Conceição da Barra o Parque Estadual de Ituanas, teve grande parte da sua área atingida por um incêndio supostamente causado pelo descuido de frequentadores da praia em Riacho Doce, que devido às condições de seca prolongada e altas temperaturas permitiram que o fogo atingisse áreas de pântano completamente secos pela estiagem.

A Reserva Biológica de Sooretama – ICMBio passa pela maior crise ambiental desde sua criação em 1943 em decorrência da prolongada estiagem que assola a região centro leste e norte do estado desde o inicio de 2015. As baixas precipitações e altas temperaturas no final da primavera e inicio de verão associada ao aumento das captações de água para agricultura irrigada resultaram na completa exaustão dos corpos hídricos.

01 fogo

Inúmeros córregos que abastecem a Unidade de Conservação não recebem agua há mais de sete meses colocando em risco espécies da ictiofauna nativa da região e expondo a fauna aos insistentes caçadores, que se aproveitam da escassez hídrica para caçar dentro da reserva. A presença destes infratores já provocou em 1998 um incêndio que destruiu mais de 2000 hectares de mata nativa. No final da semana passada 18-12-2015 foi constatado o mais recente incêndio que esta sendo combatido desde aquele dia pela manhã.

Devido ao local em que o fogo se iniciou a única alternativa encontrada pelos gestores da reserva para combater o incêndio que se propagava a partir do centro da floresta foi buscar o apoio do corpo de bombeiros do Espirito Santo, que desde o dia 18-12 deu total apoio para evitar a tragédia de 98. Imediatamente o comando em Linhares – ES deslocou uma equipe comandada pelo Sgto. Paulo Roberto para fazer uma avaliação in loco da situação que após a analise com os técnicos do ICMBio, decidiu solicitar reforço ao comando central para o envio do helicóptero da Policia Militar.

03 local

Com a chegada da primeira aeronave foi realizado o reconhecimento aéreo da área e na reunião para planejamento da operação entre Corpo de Bombeiros, Tripulação do Helicóptero, Gestores da UC e Reserva Natural VALE/Prossegur, foi solicitada a participação de um segundo helicóptero para dar apoio à equipe em terra enquanto o outro atuasse diretamente no combate ao incêndio.

Na segunda feira 21-12 uma equipe com mais de 50 homens conseguiu avançar no controle do fogo encerrando a operação por volta das 18:00 horas dando continuidade no dia seguinte com a chegada de reforços do próprio Corpo de Bombeiros, Reserva Natural VALE/Prossegur, brigadistas do IBAMA vindos do Rio de Janeiro e do ICMBio lotados nas UCs do norte do ES, moradores do entorno, bombeiros voluntários do MANAIN, ISAS, que se revesaram diuturnamente ate o dia 1º de janeiro de 2016 no combate e controle dos focos de incêndio evitando uma tragédia ambiental de grandes proporções na UC.

08 equipe

Ainda não se tem a área exata atingida pelo fogo, mas estima-se que seja o segundo maior incêndio florestal na historia da reserva e uma equipe de plantonistas continua fazendo o rescaldo da área para evitar a retomada do fogo, pois a floresta encontra-se desfolhada pela seca e com abundancia de serapilheira que constitui em farto combustível para propagação do fogo.

A ação direta do Corpo de Bombeiros do Estado do Espirito Santo, da Reserva Natural VALE/Prossegur, Instituto Ambiental VALE, do grupamento de bombeiros voluntários do MANAIN, de equipes voluntárias constituídas por moradores do entorno da UC, do Instituto Socioambiental Sooretama-ISAS, de brigadistas deslocados da Serra dos Órgãos/RJ, brigadistas do próprio ICMBio lotados no ES e do IBAMA através da disponibilização de um helicóptero para apoiar as equipes nos últimos dias, quando as aeronaves do ES se retiraram para outras frentes de trabalho no estado, foram fundamentais para conter o avanço do incêndio sobre a floresta ressecada pela seca prolongada e altas temperaturas na região.

010 C BOMBEIROS

Da mesma forma o apoio da Secretaria de Estado do Meio Ambiente do Espirito Santo e do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Barra Seca e Foz do Rio Doce, junto a Ministra do Meio Ambiente e Presidência do IBAMA, que atuaram com rapidez para disponibilizar toda logística necessária aos trabalhos na Reserva Biológica de Sooretama, destacando também a disponibilidade de diversas empresas da região, que apoiaram com o fornecimento de parte dos alimentos para todo o contingente durante esses 15 dias de trabalho.

09 logistica

No momento oportuno estaremos nominando todas as equipes e pessoas, que de uma forma ou outra se dispuseram a cooperar nesta operação e desde já desejar a todos e em especial àqueles que longe de suas famílias nos dias de festejos de final de ano não mediram esforços em colocar seus serviços em prol de uma causa coletiva CUIDAR DA VIDA e do planeta.

Texto:
Valdir Martins dos Santos
Analista Ambiental
RBS / ICMBio

 

10/11/15

ICMBio/RBSooretama - VALE S.A e IAVALE assinam TERMO DE RECIPROCIDADE

HISTÓRICO SOBRE AS ÁREAS PROTEGIDAS

O prognóstico dos primeiros pesquisadores e ambientalistas que visitaram a região centro leste e norte do Espirito Santo em meados do século passado, já indicavam um cenário com profundas alterações ambientais, pois o avanço dos colonizadores, até então era contido apenas pelas dificuldades da travessia do Rio Doce. A exuberância da Mata Atlântica situada na sua margem esquerda e a complexa malha hidrográfica constituída por pequenos córregos, rios, lagoas permanentes e temporárias, além de uma imensa área pantanosa, que se estendia na faixa costeira do baixo Rio Doce, desde Aracruz passando pelo Vale da Suruaca em Linhares, São Mateus até a foz do rio Cricaré em Conceição da Barra, representavam os limites para o avanço dos pioneiros.

Por estas razoes até 1927 o ímpeto dos colonizadores, que se ocupavam da exploração das áreas situadas no sul do estado era detido pelas dificuldades de travessia do Doce.

Entretanto com a inauguração da ponte Florentino Avidos em Colatina a barreira foi vencida e facilitou a entrada dos pioneiros, constituídos por agricultores, madeireiros e outras ocupações, que davam suporte aos colonizadores. Estes avançavam em busca das melhores espécies florestais para serraria, madeiras para carvão e tomar posse das terras devolutas da região dos tabuleiros.

As transformações do cenário ambiental eram inevitáveis, pois o caminho para exploração da região, se consolidava através da abertura de uma estrada de terra, que avançou a partir de Colatina, passando por Marilândia, Rio Bananal, Rio São Jose, Córrego do Chumbado, ate chegar a Nestor Gomes em São Mateus.

À medida que as ocupações se multiplicavam ao longo do acesso hoje denominado estrada ES 356, o patrimônio natural era rapidamente delapidado e sua conservação dependia da ação rápida dos poucos ambientalistas que tinham acesso à região.

Neste interim o Interventor do Espirito Santo Sr. Punaro Blay ordena a demarcação de uma área de 10.000 hectares, situadas na margem esquerda da ES 356 a ser reservada para futura criação de um Parque Estadual na margem direita do Rio Barra Seca e a esquerda da ES 356, configurando-se como a primeira iniciativa para conservação de um trecho de Mata Atlântica na região.

Álvaro Aguirre à época servidor público da Divisão de Caça do Ministério da Agricultura, realizou suas primeiras incursões na região e tão logo visualizou os feitos dos pioneiros, iniciou as discussões para destinar uma área para reserva da biodiversidade.

Em 1943 por iniciativa do governo federal e participação efetiva de Álvaro Coutinho Aguirre cria-se o Parque de Reserva e Refugio de Animais Soóretama com 12.000 hectares de mata Atlântica de Tabuleiros, situada à margem direita da ES 356 e encravada entre os rios Barra Seca e Córrego Cupido, até atingir a Lagoa do Macuco, sendo esta a mais importante representação da malha hidrográfica da região.

Este fato marcou o inicio do processo que resultou na preservação do atual Complexo Florestal Sooretama, pois em 1971 graças aos entendimentos entre governo do Espirito Santo e Governo Federal a área do Parque Estadual da Barra Seca foi incorporada ao Parque de Reserva e Refugio de Animais Soóretama para formar a atual Reserva Biológica de Sooretama hoje com 24.250 hectares graças à agregação de outras áreas menores.

Entretanto a preservação das Matas de Tabuleiro não se restringiu à Sooretama, pois em 1951, a empresa VALE S.A adquiriu algumas propriedades adjacentes à Reserva Biológica com o intuito de obter madeira para a produção de dormentes e assim suprir a demanda da Estrada de Ferro Vitória-Minas, sendo esta alternativa rapidamente descartada, começando ai a história da Reserva Natural VALE, que junto com a Reserva Biológica de Sooretama, duas RPPNs da Empresa FIBRIA Papel e Celulose e outras áreas particulares na Zona de Amortecimento, constituem o maior fragmento de Mata Atlântica de Tabuleiros do Brasil com aproximadamente 50.000 hectares de área protegida.

Areas protegidas Sooretama 1

Mas proteger esse fragmento de Mata Atlântica não é uma tarefa fácil, pois são inúmeras as ações que causam impactos sobre a vida nas reservas. O abate e a captura de animais silvestres vivos, sempre representou uma ameaça à integridade da área, contudo a cadeia biológica ainda esta bem representada, podendo ser encontrados o tatu canastra, o gavião real, a onça pintada, a onça parda, a anta e outros vertebrados já extintos na região.

Outros impactos como os atropelamentos de animais na BR 101, incêndios florestais dentro e fora do fragmento, redução dos habitats adjacentes e degradação dos recursos hídricos, ainda constituem fortes ameaças a integridade do ecossistema.

Apesar de tudo, o legado de Aguirre é fato consumado, pois graças a sua iniciativa um importante remanescente de Mata Atlântica de Tabuleiros está protegido na região centro leste do Espirito Santo, representando atualmente cerca de 9% da área do bioma Mata Atlântica no Espirito Santo.

Neste contexto é importante destacar o apoio da VALE S.A na preservação do remanescente, pois além de manter uma considerável parcela, com aproximadamente 23.000 hectares de floresta preservada, representada pela Reserva Natural VALE, localizada na Zona de Amortecimento da RBS, vem mantendo um Termo de Reciprocidade com o ICMBio/RBS desde 1999, quando ocorreu o maior incêndio florestal da região, dizimando 2000 hectares de floresta nativa e toda sua biota.

     REPRESENTANTES DA CIA VALE / RNVALE e RBS / ICMBio no ato da assinatura do Termo de Reciprocidade

GEDC0145 - Cópia  GEDC0160 - Cópia          Patricia Fagundes, Marcio Ferreira, Eliton A. Lima                              Patricia Fagundes, Eliton A. Lima

GEDC0159 - Cópia   GEDC0162 - Cópia

            Patricia Fagundes, Eliton A. Lima                                                                     Patricia Fagundes, Valdir M Santos

Graças à participação efetiva da CIA VALE e Reserva Natural VALE, que através do Instituto Ambiental VALE, disponibilizam mediante o Termo de Reciprocidade, uma estrutura de apoio composta por 10 Agentes de Proteção Ecossistêmica, além da logística de apoio a equipe, que se reveza na proteção da reserva desde 1999. Em outubro de 2015 o termo foi renovado por mais um período, viabilizando desta forma a gestão da unidade e o cumprimento das suas atividades fins conforme previsto na legislação.

Texto escrito por: Valdir Martins dos Santos

                               Analista Ambiental

                               Reserva Biológica de Sooretama / ICMBio

 

14/06/15

LANÇADO O VOLUME II DA SÉRIE ÁREAS PROTEGIDAS

O livro Últimos Refúgios: Reserva Biológica de Sooretama, volume II da série Áreas Protegidas no ES, chega repleto de informações sobre a biodiversidade de um dos remanescentes florestais de maior importância, localizado na Costa do Descobrimento no ES. São quatro áreas naturais (Reserva Biológica de Sooretama, Reserva Natural VALE, RPPNs Mutum Preto e Recanto das Antas), que formam um bloco de Mata Atlântica com 50.000 hectares que abrigam elementos raros da flora e da fauna brasileira.

                  Reserva Biológica de Sooretama                                      Capa do volume II da série Áreas Protegidas 

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  Foto: Valdir M Santos                                                                       Foto do livro: Leonardo Merçon

Apresentado em linguagem fotográfica de excelente qualidade, produzido pelo Instituto Últimos Refúgios, a obra traz em seu conteúdo os frutos da iniciativa do Engenheiro Álvaro Coutinho Aguirre e outros ambientalistas capixabas, que tiveram a iniciativa de reservar parte da Floresta de Tabuleiros para servir como refúgio da biodiversidade, que a partir da década de 1930 já dava sinais de empobrecimento devido ao avanço da ocupação das terras situadas na região centro-leste e norte do Espirito Santo.

Representa também o esforço de uma equipe de servidores públicos desde a mais simples função até o cargo de maior destaque, que desde o inicio da sua criação fizeram a história desta UC, revezando-se num trabalho continuo e árduo, muitas vezes não compreendido pelos usuários dos recursos naturais, que se sentem apenas no direito de explorar a natureza pensando tratar-se de fonte inesgotável de recursos.

Representa também o esforço da sociedade conscientizada representada pelas inúmeras instituições e pessoas físicas, que nestes 73 anos colocaram-se como parceiras na proteção desse importante patrimônio natural, incluindo as empresas, instituições públicas, escolas, universidades, pesquisadores e moradores do entorno das reservas.

O livro mostra que o esforço não foi em vão, ganhou a biodiversidade, pois ao contrario das demais regiões do estado, aqui ainda a cadeia biológica está bem representada e espécies ameaçadas de extinção podem ser encontradas no remanescente florestal. Ganhou também a região, pois o bloco de Mata Atlântica é uma referência para o mundo, constituindo-se numa importante fonte de estudos para pesquisadores e estudantes, que buscam o aperfeiçoamento na área ambiental.

Mostrar a riqueza natural da Reserva Biológica de Sooretama e áreas contíguas é o grande propósito desta obra que jamais seria realizada não fosse o legado de Aguirre unido ao esforço pretérito de governos e sociedade para a manutenção da integralidade deste importante ecossistema.

A homenagem do Instituto Últimos Refúgios com o lançamento da obra teve a brilhante participação de diversos atores sociais da região como o próprio Instituto Chico Mendes - ICMBio representado pelos servidores da Reserva Biológica de Sooretama, Reserva Biológica Augusto Ruschi de Santa Teresa, Monumento Pontões Capixabas de Pancas e Floresta Nacional do Rio Preto de Conceição da Barra, representantes do Conselho Consultivo da RBS, além da Reserva Natural de Linhares (Cia VALE), Instituto Capixaba de Pesquisas e Extensão Rural – INCAPER, APICE Projetos de Gestão em SMS/PETROBRAS, Ministério Público Federal de Linhares, Instituto Marcos Daniel – IMD, Centro de Ciências Agrárias – UFES, Projeto Pro-Tapir, Policia Militar Ambiental do ES, Comitê da Bacia Hidrográfica do Barra Seca e Foz do Rio Doce, Instituto Socioambiental Sooretama – ISAS, Escola Estadual de 2º Grau Cândido Portinari e EEEF Regina Bolsanelo Fornazier ambas do Juncado em Sooretama – ES.

     Representantes da RBS/ICMBio       Representantes da RBS, RN VALE e UR              Escolas do entorno da UC

3 Servidores ICMBio4 ReBio UR VALE5 ReBio escolas

 Fotos do lançamento: Herone Fernandes

Mais imagens na Galeria de Imagens

Valdir Martins dos Santos

Analista Ambiental

RBS / ICMBio

 

06/06/15

Obra inédita mostra a biodiversidade da Reserva Biológica de Sooretama

O Instituto Últimos Refúgios finaliza mais um importante trabalho para a conservação da natureza. Desde a sua fundação o instituto vem se dedicando à divulgação das potencialidades ecológicas do Estado do Espirito Santo no intuito de torna-las conhecidas através da fotografia. Diversos produtos já foram disponibilizados para o público apresentando informações relevantes sobre a biodiversidade capixaba. Além das inúmeras exposições realizadas no estado, a produção de cartões fotográficos, folhetos e folders, que auxiliam na iniciação dos estudantes na temática ambiental o Instituto Últimos Refúgios vem se dedicando a mostrar os habitats naturais remanescentes do estado, tendo publicado os livros de fotografias sobre a Reserva Biológica de Duas Bocas, Parque Estadual de Itaúnas, Últimos Refúgios: Parque Estadual Paulo Cesar Vinha e Biodiversidade no Espirito Santo. Seu mais recente desafio acaba de ser concluído e no mês em que o tema Meio Ambiente encontra-se em evidência o Instituto realizará o lançamento de mais uma obra "LIVRO ÚLTIMOS REFÚGIOS: RESERVA BIOLÓGICA DE SOORETAMA", que chega repleto de novas informações sobre a biodiversidade do maior remanescente de Mata Atlântica de Tabuleiros da Costa do Descobrimento.

CAPA Mutun

O lançamento da obra será realizado no dia 11 de junho de 2015, às 15:00 horas na sede da Reserva Biológica de Sooretama – ICMBio - ES e sua realização teve o apoio do Ministério da Cultura – Lei Rubem Braga, Prefeitura de Vitória-ES, Reserva Biológica de Sooretama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade-ICMBio, Companhia VALE e Instituto Últimos Refúgios.

Imagens que integram a publicação

Lagoa Macuco LEO5480 Macuco LeoPreguiça Leo

Valdir Martins Santos

Analista Ambiental

RBS/ICMBio

 

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01/05/15

Encontro histórico na Reserva Biológica de Sooretama

Dia 17 de abril de 2015 foi realizado um encontro histórico na sede da Reserva Biológica de Sooretama – ICMBio, para tratar de medidas emergenciais que ajudem reduzir as mortes de animais silvestres por atropelamentos no trecho da BR 101 Norte, que corta a Unidade de Conservação Federal e áreas protegidas adjacentes.

O fórum foi promovido pelo Ministério Público Federal de Linhares coordenado pelo Procurador da República Dr. Paulo Henrique Camargo Trazzi e reuniu dezoito instituições representando os setores públicos, iniciativa privada e organizações não governamentais vinculados às áreas de meio ambiente, transportes, pesquisa, acadêmica e de comunicações.

Além dos servidores da Reserva Biológica de Sooretama/ICMBio, estiveram presentes o MPF Linhares, Reserva Natural VALE, ANTT, PRF, DNIT, DER-ES, Concessionaria ECO 101, CONCREMAT, UVV, Centro de Ciências Agrárias UFES-Alegre-ES, UFES-São Mateus, Instituto Últimos Refúgios, National Geographic, ISAS, APICE/PETROBRAS, INPA, S.O.S Falconiformes e pesquisadores autônomos.

Reunir todos estes segmentos num único fórum para discutir medidas mitigadoras dos impactos da rodovia federal BR 101 Norte sobre a biodiversidade da Reserva Biológica de Sooretama era uma das expectativas dos gestores da Unidade de Conservação, que desde 2004 vem pleiteando a adoção de medidas para reduzir o numero de animais mortos por atropelamentos no trecho da rodovia, que corta a reserva em cinco quilômetros, além de tangenciar outras áreas naturais protegidas constituídas pela Reserva Natural VALE, RPPN Mutum Preto e Recanto das Antas, num percurso aproximado de vinte quilômetros, onde também ocorrem muitas mortes de animais, que se deslocam pelo maior fragmento de Mata Atlântica de Tabuleiros da costa atlântica brasileira.

A mensuração dos impactos da rodovia sobre a área protegida teve como marco o trabalho de monografia realizado pela bióloga Juliana Agnezi, iniciado em dezembro de 2002 a setembro de 2003, visando quantificar os animais atropelados ao longo do trecho de cinco quilômetros no interior da Reserva Biológica, identificando os principais pontos de atropelamentos, além de propor medidas para reduzir a morte dos animais na pista.

A morte de animais na BR vem de longa data e no Plano de Manejo da UC elaborado em 1981 o tema já era mencionado, entretanto foram os números obtidos na pesquisa, que levaram os gestores da UC a iniciarem em 2005 um processo de mobilização, visando à sensibilização da sociedade para a gravidade da situação, intensificando o acompanhamento, promovendo campanhas de sensibilização com os usuários da rodovia e buscando apoio dos diferentes segmentos como o Ministério Publico Federal, área de transportes, meio ambiente e pesquisa.

Gradualmente diversos atores sociais vem aderindo o processo e a participação do Ministério Público Federal tem sido muito importante, pois graças a sua intervenção, um conjunto de reivindicações encaminhadas pela Unidade de Conservação chegaram ao Ministério dos Transportes, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes-DNIT e Agencia Nacional de Transportes Terrestres – ANTT, sendo que algumas medidas já foram implantadas, como a colocação de tachões ao longo dos cinco quilômetros, pintura de faixas continuas para dificultar as ultrapassagens, estabelecimento de limite de velocidade em 60 kms/hs e instalação de dois radares.

Entretanto com o crescente aumento do fluxo de veículos na BR 101 os números de atropelamentos vem se mantendo num mesmo patamar inclusive com a perda de vários animais de grande porte ameaçados de extinção como a onça pintada, onça parda, antas e mais recentemente uma harpia foi recolhida no quilometro 103 da rodovia com sinais de atropelamento vindo a morrer logo em seguida.

O problema tem se apresentado como uma importante área de estudo e vem atraindo estudantes, pesquisadores e outros interessados no desenvolvimento de projetos de pesquisa na área para melhor compreensão dos impactos da rodovia sobre a fauna.

Além do monitoramento continuo realizado desde 2010 pela Unidade de Conservação apoiado pela Petrobras S/A, uma equipe de pesquisadores do Centro de Ciências Agrárias da UFES-ES vem realizando estudos no trecho da estrada que corta a reserva estendendo-se pelos 20 quilômetros da BR que tangencia o remanescente florestal.

Como parte da proposta de trabalho dos pesquisadores da UFES, foi realizado em novembro de 2014 um workshop com a finalidade de divulgar os resultados preliminares das pesquisas e gerar um documento com propostas para minimizar os impactos da rodovia sobre a ReBio de Sooretama e seu entorno.

A realização do workshop reuniu diversos especialistas e possibilitou a geração de um importante documento técnico com um capitulo especifico sobre a mitigação dos impactos da rodovia a curto, médio e longo prazo, levando-se em conta o processo de readequação da estrada prevista no contrato de concessão para a iniciativa privada.

O documento foi parcialmente apresentado no encontro do dia 17-04-2015 na Sede da ReBio Sooretama e serviu de base para a proposição de algumas das medidas emergenciais que serão postas em prática, ate que se concluam o EIA-RIMA para adequação da estrada em fase de elaboração.

À medida que a repercussão dos fatos ganham publicidade outros atores sociais vem se agregando ao processo, com destaque ao Instituto Últimos Refúgios que não tem medido esforços para divulgar os impactos do intenso trafego da BR 101 Norte sobre a fauna do remanescente florestal Sooretama.

Em resumo foram acordadas as seguintes medidas a serem implementadas a curto prazo:

I – Fixação do limite de velocidade em 60kms/hora para o trecho de 25 kms;

II – Instalação de mecanismos para redução de velocidade;

Realocação dos radares existentes e estudo para ampliação da quantidade de equipamentos instalados.

III – Adequação das redes de drenagem como alternativa para circulação da fauna (faunodutos);

IV – Estudo para instalação imediata de cercas de direcionamento da fauna nas áreas de domínio da BR;

V – Retirada das espécies frutíferas exóticas ao longo dos 25kms;

VI – Viabilizar instalação de passagens arbóreas para fauna;

VII – Instalação de placas temáticas;

a) – Instalação das placas confeccionadas pela concessionária, com inserção do crédito das fotos que compõe cada placa, ECO 101;

b) –Indicação dos locais para realocação de algumas placas RBS/ICMBio;

c) - Submissão de projeto de pesquisa do Prof. Áureo Banhos para aprovação no SISBIO e ANTT para instalação das placas elaboradas pelos pesquisadores da UFES;

VIII - Instalação de portais em ambas as entradas da BR 101 na Reserva Biológica de Sooretama;

XIV – Disciplinar o uso da pista através de campanhas de sensibilização e distribuição de material informativo.

Vale destacar o empenho da Procuradoria da República de São Mateus e mais recentemente a de Linhares, que num gesto histórico reuniu no mesmo fórum representantes de dezoito entidades para debaterem a solução dos problemas gerados pela BR 101 sobre a diversidade da Reserva Biológica de Sooretama e áreas adjacentes, lembrando que além do atropelamento de animais silvestres, lamentavelmente muitas ocorrências com morte de pessoas são registrados anualmente, tornando urgente a busca de soluções que reduzam as mortes de animais e pessoas neste trecho da rodovia.

Valdir Martins dos Santos

Analista Ambiental

RBS / ICMBio

 

12/04/15

Reunião com o MPF na sede da Reserva Biológica de Sooretama

MPF/ES quer adoção de medidas para combater alto índice de atropelamento de animais na BR-101

 

O Ministério Público Federal no Espírito Santo (MPF/ES) está conversando com diversos órgãos que atuam num trecho de 25 quilômetros da BR-101, que corta quatro reservas ambientais (Reserva Biológica de Sooretama, Reserva Natural Vale e as Reservas Particulares do Patrimônio Natural Mutum-Preto e Recanto das Antas), no Norte do Estado. O objetivo é buscar a adoção de medidas para combater o alto índice de atropelamento de animais silvestres que está sendo registrado na rodovia.

Na semana passada, por exemplo, uma onça-parda foi morta na região da Reserva Biológica de Sooretama. Já é de conhecimento do órgão, inclusive, a existência de uma petição on-line no site Avaaz e promovido pelo Instituto Ultimos Refúgios, com cerca de 9 mil assinaturas, solicitando ao MPF/ES a adoção de medidas emergenciais contra o atropelamento de animais silvestres nas Reservas de Sooretama e da Vale.

Por conta da situação repetitiva, a Procuradoria da República em Linhares está agendando uma reunião, ainda para o mês de abril, a fim de discutir medidas emergenciais para combater o atropelamento de animais silvestres nas reservas ambientais cortadas pela BR-101. Estão sendo convidados representantes da concessionária da BR-101, Eco101; do Departamento Nacional de Infraestrutura e Trânsito (Dnit); da Agência Nacional dos Transportes Terrestres (ANTT); do Departamento de Estradas de Rodagem do Espírito Santo (DER-ES); do Ibama; do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio); da Polícia Rodoviária Federal; da Secretaria de Meio Ambiente de Sooretama; da ONG Últimos Refúgios; da Reserva Natural da Vale, da Reserva Biológica de Sooretama e de pesquisadores da área.

De acordo com o procurador da República em Linhares, Paulo Henrique Camargos Trazzi, falta uma ação coordenada entre os órgãos que atuam no trecho da Reserva de Sooretama para reduzir a quantidade de atropelamentos de animais silvestres ao longo da via. Por esse motivo, a reunião será de grande valia para a construção de um modelo eficaz de combate à mortandade da fauna local, tendo em vista que ela poderá ser agravada a partir da ampliação e duplicação da BR-101, conforme prevê o contrato de concessão da rodovia celebrado entre a ANTT e a Eco101.

O procurador salienta, ainda, que as medidas estudadas para serem implementadas servirão não somente para garantir a conservação da biodiversidade local, como também a segurança dos usuários da via, já que estes sofrem prejuízos em virtude dos atropelamentos de animais. Entre os prejuízos incluem-se o financeiro e também aqueles relativos à integridade física e à vida.

Documento. O MPF/ES possui um procedimento administrativo, em andamento na Procuradoria da República em Linhares, para acompanhar e fiscalizar a regularidade ambiental do projeto de ampliação e duplicação da BR-101, na região Norte do Espírito Santo, no trecho que corta a Reserva Biológica de Sooretama, justamente por conta das frequentes notícias de atropelamento da fauna silvestre.

No último dia 10, foi realizada uma reunião com os responsáveis pela Reserva de Sooretama, quando foram apresentadas algumas medidas emergenciais para tentar evitar que a situação se perpetue. Entre elas, a redução da velocidade dos veículos de 60km/h para 25km/h na região das reservas; a instalação de radares inteligentes; a desobstrução dos túneis de drenagem de água, que podem servir como passagem da fauna; o cercamento da via de forma direcional para os túneis; e a promoção de ações de sensibilização dos usuários.

Todas essas medidas propostas, além de outras que por ventura surgirem, serão discutidas no encontro que está sendo agendado pelo MPF/ES com os órgãos competentes.

MPF/ES

http://jornalocapixaba.com.br/2015/03/mpfes-quer-adocao-de-medidas-para-combater-alto-indice-de-atropelamento-de-animais-na-br-101/

 

10/04/15

Nem a rainha foi perdoada

Animais silvestres pequenos, médios e grandes, terricolas, arboricolas, rastejantes ou voláteis, que habitam o maior remanescente de Mata Atlântica de Tabuleiros do Espirito Santo,constituido pelas áreas protegidas da Reserva Biológica de Sooretama - ICMBio, Reserva Natural VALE, RPPNs Mutum Preto e Recanto das Antas (FIBRIA), localizado na região centro leste do estado, sofrem constantemente a ameaça vinda daqueles que tem o dever de proteger o patrimônio natural: o próprio homem.

Os pequenos, por existirem em maiores quantidades, não provocam tanta comoção diante da divulgação das constantes mortes por atopelamentos que ocorrem diariamente, mas quando se trata de animais raros e de grande porte a repercussão ganha espaço nos meios de comunicação.

Como já relatado nesta página, em menos de um ano três antas foram atropeladas e mortas nas adjacências da Reserva Biológica de Sooretama - ICMBio, sendo que uma delas trazia em seu ventre um feto em avançado estágio de desenvolvimento que sucumbiu juntamente com a mãe.

Em 07 de março de 2015, uma onça-parda (Puma concolor) também foi morta por atropelamento quando tentava atravessar a BR no interior da Reserva Biológica de Sooretama.

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Para aqueles que não acreditam que aves também são atropeladas pelos veículos que trafegam pelas nossas rodovias, esta semana 08/04 um gavião real (Harpia harpyja), considerada a rainha entre as aves da Mata Atlântica, foi encontrada ainda com vida no km 103 da BR 101 norte, interior da Reserva Biológica. Apesar dos esforços para salvar a ave, que foi imediatamente encaminhada para o Projeto CEREIAS (CETAS-ES) e posteriormente para um hospital veterinário a mesma veio a morrer.

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Fica aqui a pergunta para ser refletida pelo internauta: até quando nossa biodiversidade terá que suportar as pressões decorrentes da caça predatória, do tráfico de animais silvestres, da extinção dos habitats naturais, do envenenamento por pesticidas e pelos atropeamentos e morte nas nossas rodovias? 

Valdir Martins dos Santos

Analista Ambiental

RBS / ICMBio

28/10/14

Em menos de quatro meses duas ANTAS atropeladas

MAIS UM ANIMAL RARO ATROPELADO NA BR 101.

Em 24 de outubro de 2014 passados menos de quatro meses da morte de uma ANTA macho na BR 101, trecho que corta o remanescente florestal Sooretama constituído pela Reserva Biológica de Sooretama, Reserva Natural VALE e RPPNs Mutum Preto e Recanto das Antas, mais um exemplar da espécie foi vitima do descaso dos condutores de veículos ao cruzarem pela área destinada a conservação da vida silvestre.

Desta vez o exemplar vitimado foi uma ANTA femea, que trazia no ventre um feto em avançado estágio de gestação segundo informaram os técnicos que efetuaram a necropsia do animal.

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   Foto: Leonardo Merçon "Instituto Últimos Refúgios".

Dois animais adultos que deixaram de povoar o fragmento de Mata Atlântica, além do filhote que não teve a chance de pisar a floresta. Este fato vem ocorrendo desde a inauguração da BR 101 em 1970 e tende a se agravar à medida que aumenta o numero de veículos que circulam pela estrada diariamente. No inicio os impactos eram pouco percebidos, pois a fauna da região era abundante, o fluxo de veículos era razoável e não havia a preocupação em mensurar os danos, porem a partir do inicio do século XXI com o crescente fluxo de veículos na rodovia o problema ganhou dimensões e a partir dai surgiram as primeiras iniciativas no sentido de mensurar os danos e buscar alternativas para mitigar os impactos da rodovia sobre a biodiversidade do remanescente florestal.

Apesar dos números significativos apresentados nos monitoramentos e das medidas sugeridas para mitigar os efeitos negativos da estrada, a implementação efetiva de qualquer mecanismo para melhorar a proteção da fauna da reserva tem esbarrado na morosidade e na burocracia dos setores responsáveis pela efetivação das medidas. A simples colocação de uma sinalização eficiente constituída por out doors, sinalização temática, placas e portais vem se arrastando desde 2005 e enquanto isso nossa fauna vai perecendo sob as rodas de um transito cada vez mais selvagem, que não se limita a tirar a vida dos animais, mas de diversas pessoas nesse trecho de rodovia.

Com a privatização do trecho da rodovia Governador Mario Covas (BR 101 Norte) com previsão de ampliação da sua capacidade de trafego entre o km 939,4 ao km 956,9 no estado da Bahia e do km 0,0 ao km 244,9 no estado do Espirito Santo, afetando mais uma vez as áreas protegidas no estado é necessário que sejam tomadas as medidas mais eficientes conhecidas mundialmente para proteger esta importante mostra do bioma Mata Atlântica reconhecido pela riqueza de atributos naturais, principalmente da sua fauna, garantindo às futuras gerações o desfrute de uma floresta viva, entrecortada por córregos piscosos e constituída por espécies vegetais arbustivas e herbáceas, habitada por diferentes espécies animais, complementando-se uns aos outros.

Valdir M. Santos

 

 

21/10/14

Curso de Taxidermia na Reserva Biológica de Sooretama/ICMBio

Do dia 29 de setembro a 02 de outubro a Reserva Biológica de Sooretama sediou um Curso de Taxidermia promovido por uma das empresas responsáveis pela prestação de serviços na unidade, a Ápice Projetos Ambientais. O curso foi ministrado pelo Msc. José Nilton da Silva, que atualmente executa seu projeto de mestrado no Centro Universitário Vila Velha/ES (UVV) e é um dos responsáveis pelo setor de taxidermia do Museu de Biologia Professor Mello Leitão, em Santa Teresa/ES.

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O curso abordou duas formas de taxidermia, a científica e artística, a primeira para ser feita em animais que serão encaminhados a coleções científicas e a segunda, normalmente destinada a locais de exposição focados em educação ambiental, como museus e o próprio Centro de Vivência da sede da REBIO, onde há atividades de visitação e educação voltadas à conscientização ambiental. A REBIO de Sooretama é interceptada em cerca de 5 km pela rodovia federal BR-101 e devido a isso, em média três animais são atropelados diariamente, e aqueles que são encontrados em boas condições podem ser destinados à taxidermia com fins didáticos. Apesar da sua proveniência um tanto quanto cruel, a taxidermia de animais atropelados é uma das sugestões para exibir aos visitantes da Reserva a diversa fauna existente na unidade, característica da Mata Atlântica de Tabuleiros da região. Concomitantemente, ao sanar a curiosidade dos visitantes, os mesmos também são sensibilizados a respeito da maneira que a fauna está sendo reduzida na região, em decorrência dos atropelamentos supracitados, garantindo conhecimento e engajamento aos visitantes.

O curso permitiu qualificar 11 pessoas, sendo 2 funcionários da Petrobras, 3 da empresa Ápice de Vitória, 3 da empresa Ápice atuantes na REBIO, 1 do IEMA atuante na REBIO, 1 brigadista funcionária da REBIO e 1 pessoa da comunidade do entorno. Durante o curso, o grupo realizou a taxidermia de cerca de 13 animais, entre eles mamíferos, aves e répteis e já combinaram datas futuras para realizarem novas campanhas de taxidermia na REBIO de Sooretama.

 

Fabiana Cruz

Bióloga

Equipe de Educação Ambiental

Reserva Biológica de Sooretama/ICMBio

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