ICMBio/RBSooretama - VALE S.A e IAVALE assinam TERMO DE RECIPROCIDADE

HISTÓRICO SOBRE AS ÁREAS PROTEGIDAS

O prognóstico dos primeiros pesquisadores e ambientalistas que visitaram a região centro leste e norte do Espirito Santo em meados do século passado, já indicavam um cenário com profundas alterações ambientais, pois o avanço dos colonizadores, até então era contido apenas pelas dificuldades da travessia do Rio Doce. A exuberância da Mata Atlântica situada na sua margem esquerda e a complexa malha hidrográfica constituída por pequenos córregos, rios, lagoas permanentes e temporárias, além de uma imensa área pantanosa, que se estendia na faixa costeira do baixo Rio Doce, desde Aracruz passando pelo Vale da Suruaca em Linhares, São Mateus até a foz do rio Cricaré em Conceição da Barra, representavam os limites para o avanço dos pioneiros.

Por estas razoes até 1927 o ímpeto dos colonizadores, que se ocupavam da exploração das áreas situadas no sul do estado era detido pelas dificuldades de travessia do Doce.

Entretanto com a inauguração da ponte Florentino Avidos em Colatina a barreira foi vencida e facilitou a entrada dos pioneiros, constituídos por agricultores, madeireiros e outras ocupações, que davam suporte aos colonizadores. Estes avançavam em busca das melhores espécies florestais para serraria, madeiras para carvão e tomar posse das terras devolutas da região dos tabuleiros.

As transformações do cenário ambiental eram inevitáveis, pois o caminho para exploração da região, se consolidava através da abertura de uma estrada de terra, que avançou a partir de Colatina, passando por Marilândia, Rio Bananal, Rio São Jose, Córrego do Chumbado, ate chegar a Nestor Gomes em São Mateus.

À medida que as ocupações se multiplicavam ao longo do acesso hoje denominado estrada ES 356, o patrimônio natural era rapidamente delapidado e sua conservação dependia da ação rápida dos poucos ambientalistas que tinham acesso à região.

Neste interim o Interventor do Espirito Santo Sr. Punaro Blay ordena a demarcação de uma área de 10.000 hectares, situadas na margem esquerda da ES 356 a ser reservada para futura criação de um Parque Estadual na margem direita do Rio Barra Seca e a esquerda da ES 356, configurando-se como a primeira iniciativa para conservação de um trecho de Mata Atlântica na região.

Álvaro Aguirre à época servidor público da Divisão de Caça do Ministério da Agricultura, realizou suas primeiras incursões na região e tão logo visualizou os feitos dos pioneiros, iniciou as discussões para destinar uma área para reserva da biodiversidade.

Em 1943 por iniciativa do governo federal e participação efetiva de Álvaro Coutinho Aguirre cria-se o Parque de Reserva e Refugio de Animais Soóretama com 12.000 hectares de mata Atlântica de Tabuleiros, situada à margem direita da ES 356 e encravada entre os rios Barra Seca e Córrego Cupido, até atingir a Lagoa do Macuco, sendo esta a mais importante representação da malha hidrográfica da região.

Este fato marcou o inicio do processo que resultou na preservação do atual Complexo Florestal Sooretama, pois em 1971 graças aos entendimentos entre governo do Espirito Santo e Governo Federal a área do Parque Estadual da Barra Seca foi incorporada ao Parque de Reserva e Refugio de Animais Soóretama para formar a atual Reserva Biológica de Sooretama hoje com 24.250 hectares graças à agregação de outras áreas menores.

Entretanto a preservação das Matas de Tabuleiro não se restringiu à Sooretama, pois em 1951, a empresa VALE S.A adquiriu algumas propriedades adjacentes à Reserva Biológica com o intuito de obter madeira para a produção de dormentes e assim suprir a demanda da Estrada de Ferro Vitória-Minas, sendo esta alternativa rapidamente descartada, começando ai a história da Reserva Natural VALE, que junto com a Reserva Biológica de Sooretama, duas RPPNs da Empresa FIBRIA Papel e Celulose e outras áreas particulares na Zona de Amortecimento, constituem o maior fragmento de Mata Atlântica de Tabuleiros do Brasil com aproximadamente 50.000 hectares de área protegida.

Areas protegidas Sooretama 1

Mas proteger esse fragmento de Mata Atlântica não é uma tarefa fácil, pois são inúmeras as ações que causam impactos sobre a vida nas reservas. O abate e a captura de animais silvestres vivos, sempre representou uma ameaça à integridade da área, contudo a cadeia biológica ainda esta bem representada, podendo ser encontrados o tatu canastra, o gavião real, a onça pintada, a onça parda, a anta e outros vertebrados já extintos na região.

Outros impactos como os atropelamentos de animais na BR 101, incêndios florestais dentro e fora do fragmento, redução dos habitats adjacentes e degradação dos recursos hídricos, ainda constituem fortes ameaças a integridade do ecossistema.

Apesar de tudo, o legado de Aguirre é fato consumado, pois graças a sua iniciativa um importante remanescente de Mata Atlântica de Tabuleiros está protegido na região centro leste do Espirito Santo, representando atualmente cerca de 9% da área do bioma Mata Atlântica no Espirito Santo.

Neste contexto é importante destacar o apoio da VALE S.A na preservação do remanescente, pois além de manter uma considerável parcela, com aproximadamente 23.000 hectares de floresta preservada, representada pela Reserva Natural VALE, localizada na Zona de Amortecimento da RBS, vem mantendo um Termo de Reciprocidade com o ICMBio/RBS desde 1999, quando ocorreu o maior incêndio florestal da região, dizimando 2000 hectares de floresta nativa e toda sua biota.

     REPRESENTANTES DA CIA VALE / RNVALE e RBS / ICMBio no ato da assinatura do Termo de Reciprocidade

GEDC0145 - Cópia  GEDC0160 - Cópia          Patricia Fagundes, Marcio Ferreira, Eliton A. Lima                              Patricia Fagundes, Eliton A. Lima

GEDC0159 - Cópia   GEDC0162 - Cópia

            Patricia Fagundes, Eliton A. Lima                                                                     Patricia Fagundes, Valdir M Santos

Graças à participação efetiva da CIA VALE e Reserva Natural VALE, que através do Instituto Ambiental VALE, disponibilizam mediante o Termo de Reciprocidade, uma estrutura de apoio composta por 10 Agentes de Proteção Ecossistêmica, além da logística de apoio a equipe, que se reveza na proteção da reserva desde 1999. Em outubro de 2015 o termo foi renovado por mais um período, viabilizando desta forma a gestão da unidade e o cumprimento das suas atividades fins conforme previsto na legislação.

Texto escrito por: Valdir Martins dos Santos

                               Analista Ambiental

                               Reserva Biológica de Sooretama / ICMBio