Monitoramento marinho flagra rede de pesca fantasma dentro de Zona de Visitação de Maragogi na APA Costa dos Corais

No dia 12 de fevereiro de 2020 a equipe do ICMBio e da ONG parceira PCR (Projeto Conservação Recifal), ao realizar ações rotineiras de monitoramento do ambiente recifal visando a implementação do protocolo Check APACC, flagraram cerca de 150 metros de rede de lagostim. A rede estava localizada sobre várias espécies de corais dentro da zona de visitação Galés de Maragogi, em Maragogi (Alagoas), território da APA Costa dos Corais.

A atividade de monitoramento é executada de forma rotineira nos vários ambientes da APA Costa dos Corais, em especial nos ambientes recifais e tem como objetivo monitorar os impactos da visitação e avaliar a efetividade do zoneamento marinho da UC. No dia 12/02, enquanto iniciava o 2° mergulho, no local chamado "Mãe da Galé", a equipe ao entrar na água encontrou muitos metros de uma rede de pesca sob os recifes, cobrindo, ameaçando e quebrando vários espécimes de corais, como Millepora alcicornis, Millepora braziliensis, Montastraea cavernosa e a espécie ameaçada de extinção Mussismilia hartii.

Imediatamente, frente ao impacto causado pelo petrecho, a equipe se dividiu, dois mergulhadores mantiveram as atividades de monitoramento e três ficaram imbuídos da retirada do material. Após duas horas de empenho de toda a equipe o petrecho foi removido da água e levado a sede do NGI APA Costa dos Corais dentro do CEPENE/ICMBio (Centro Nacional de Pesquisa e Conservação da Biodiversidade Marinha do Nordeste) para análise e destinação.

Pesca Fantasma: a rede removida trata-se de uma rede de lagostim com cerca de 150 metros e 200kg (material encharcado) e que o petrecho estava consideravelmente deteriorado, com muito material emalhado, especialmente algas e restos de corais, sugerindo que a rede estava submerso há pelo menos um mês, podendo já ter causado ainda mais impactos no ecossistema recifal do que foi observado. Caracterizando a "pesca fantasma", situação em que o petrecho de pesca é perdido ou abandonado pelo usuário, mas permanece no ambiente causando impactos ao substrato e a própria fauna (inclusive alvo da pescaria). Os prejuízos da pesca fantasma são muito difíceis de mensurar, mas são bastante significativos pois impactam o ambiente e a fauna diretamente.

Pesca Fantasma 1

Segundo Pedro Pereira, pesquisador bolsista GEF Mar do ICMBio Costa dos Corais, é muito comum encontrar vestígios e restos de redes, mas até então nunca vira algo tão grande dentro de uma zona especial de manejo (zona de visitação).

Zona de Visitação (ZV): a área em questão está dentro da ZV das Galés de Maragogi, regulamentada para a visitação desde 2009 pelo ICMBio, onde são realizados dezenas de passeios embarcados para atividades de banho, recreação e mergulho. Nessa zona de manejo é permitido atividades de visitação, pesquisa e monitoramento, a pesca não está autorizada. Tradicionalmente, por iniciativa dos prestadores de serviço local, a área onde a rede foi encontrada (Mãe da Galé) fica distante cerca de 500 metros da área de ancoragem das embarcações de passeio, não é explorada pelas atividades turísticas, servindo como um "manancial de vida marinha" ´para essa ZV.

Pesca fantasma 3

Eduardo Almeida, analista ambiental do ICMBio Costa dos Corais, destaca que a equipe pretende planejar mais ações para coibir a pesca fantasma, e isso em parceria com operadoras de mergulho local para ampliação das áreas de monitoramento na APA Costa dos Corais. Finalmente, o material apreendido está deverá ser doado para o projeto da UFRPE "Projeto Pesca Fantasma".

Fotos: Pedro Pereira
Matéria: Eduardo Almeida