Baleia Cachalote Pigmeu encalha em Tamandaré

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Foto: Sousa Aldacilene Sousa da Silva - Moradora

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Foto: Romildo Junior - Morador

Na manhã de segunda feira (05/08/2013) os servidores da APA Costa dos Corais (APACC) receberam um telefonema informando que uma pequena baleia havia encalhado viva na praia dos carneiros, próximo ao limite norte da APACC (veja mapa da área).

Após acionar a equipe do Centro de Mamíferos Aquáticos – CMA/ICMBio, os técnicos da APACC foram ao local para averiguar a situação e prestar os primeiros atendimentos ao animal.

No local foi constatado que se tratava de um odontoceto da espécie Kogia breviceps (cachalote pigmeu) de aproximadamente 2 metros. O animal estava com arranhões na parte ventral, mas não apresentava sinais de debilidade ou ferimentos graves.

A equipe da APACC, composta pelos analistas ambientais Paulo Correia (Chefe da UC) e Eduardo Almeida, decidiu, junto com os colaboradores e após consulta ao CMA, que seria feita uma última tentativa de conduzi-lo para o fundo. O cetáceo foi conduzido com calma e silêncio até o mais fundo possível, quando foi dado condições para o animal se acalmar e respirar. O animal foi solto e voltou a nadar. Após a soltura, o odontoceto não voltou a encalhar.

As equipes da APACC e do CMA ficaram monitorando a área até o resto do dia, sem novos registros.
No dia seguinte o animal foi encontrado morto a cerca de 4 km ao sul, na praia de Campas de Tamandaré (PE).
Os odontocetos

Esse grupo pertence à ordem dos cetáceos (baleias, botos e golfinhos) e possuem características como presença dentes e apenas um orifício respiratório. Habitam águas costeiras e oceânicas ao redor do globo e seu tamanho pode varia de 1,5 m para a Franciscana a 18 m para o macho adulto do cachalote. As orcas e o golfinho-nariz-de-garrafa são as espécies mais conhecidas entre os odontocetos.
Cachalote pigmeu

A espécie ocorre preferencialmente ao largo da plataforma continental em águas tropicais e temperadas, podendo ser avistada solitária ou em pequenos grupos de até 6 indivíduos. Possuem dieta a base de invertebrados, peixes e cefalópodes e pode chegar a 3,5 m e 410 kg. Existem muito poucas informações sobre a espécie, fazendo com que ela seja classificada como contendo dados insuficientes (DD) para categorização de seu status de conservação. Assim, os relatos de encalhes são muito importantes, pois ajudarão os pesquisadores a conhecer melhor as características da espécie e a avaliar seu estado de conservação.

 

Cachalote-pigmeu

A APA Costa dos Corais (ICMBIO) e o Centro de Mamíferos Aquáticos (ICMBIO) atentos a um possível aumento nas ocorrências com cetáceos nas praias da Unidade de Conservação

Devido ao início do período reprodutivo das Baleias Jubarte, os registros de avistagens e encalhes de cetáceos tende a aumentar na APA Costa dos Corais entre os meses de julho a novembro. Isso se deve ao comportamento reprodutivo dessas baleias, que se deslocam de suas áreas de alimentação da Antártida e procuram as águas quentes do Brasil para reproduzir e cuidar dos filhotes. Esse ano são esperadas cerca de 14 mil jubartes no Brasil, desde o Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, mas concentradas entre o sul da Bahia e o norte do Espírito Santo.

Dessa forma, o ICMBio estará distribuindo material informativo nos restaurantes, quiosques e hotéis entre Tamandaré e São José da Coroa Grande e realizando reuniões com os secretários municipais de meio ambiente e representantes da Colônias de Pescadores. Os municípios costeiros compreendidos entre Maceió a Maragogi já receberam as visitas e os cartazes. Caso você deseje colocar um cartaz no seu estabelecimento e assim contribuir com a conservação destes impressionantes animais, contate a APA pelo telefone: 81 36762357

Veja o cartaz de divulgação

O que Fazer em casos de encalhe

Segundo o Protocolo de Conduta para Encalhes de Mamíferos Aquáticos (IBAMA, 2005), ao se depara com um mamífero marinho encalhado a pessoa deve tomar as seguintes providências:

1) Ligar para o CMA (82 3298 1388 / 81 3544 10 56) ou para a APACC (81 3676 23 57) e reportar o encalhe, passando o maior número de informações possível;

2) Em caso de animal morto, deve-se evitar o contato e manter distância. Equipes especializadas adotarão os procedimentos de coleta de informações e material biológico e farão a destinação adequada da carcaça;

3) No caso de animais vivos, deve-se:

a. Proteger o animal do sol (construir abrigo com lonas ou colocar panos de cor clara e molhados sobre o dorso do animal com CUIDADO para não obstruir o orifício respiratório);

b. Manter o animal em posição estável, com a barriga voltada para baixo e as nadadeiras peitorais livres;
c. Cavar buracos ao redor das nadadeiras e valetas para que a água do mar chegue ao animal, de forma a criar pequenas poças;

d. Molhar o dorso do animal com água do mar, CUIDADO para não jogar água no orifício respiratório ou nos olhos;

e. NUNCA usar filtro solar;

f. Manter o silêncio e evitar gestos bruscos e presença de crianças e cães;

g. Não tentar devolver o animal para o mar, isso pode deixa-lo mais ferido.

h. Aguardar a chegada da equipe que está treinada para decidir o que é melhor.

Mais informações sobre mamíferos aquáticos: www.icmbio.gov.br/cma ou 82 3298 1388