Atrativos Culturais

CULTURA QUILOMBOLA

jongo no campinho

Conforme contam os moradores da comunidade, o Campinho da Independência foi fundado por três irmãs: Antonica, Marcelina e Luiza. No século XIX, eram escravas que viviam dentro da casa grande da antiga Fazenda Independência e realizavam serviços privilegiados, tais como tecer, bordar e pentear para os brancos.

Com o fim da escravidão, as três irmãs receberam terras do senhor e continuaram vivendo onde hoje está localizada a comunidade do Campinho da Independência. Praticamente todos os moradores da comunidade são descendentes de uma dessas três mulheres.

Campinho da Independência foi a primeira comunidade quilombola do Estado do Rio de Janeiro a ter suas terras tituladas. Em 21 de março de 1999, os quilombolas do Campinho receberam da Fundação Cultural Palmares e da Secretaria de Assuntos Fundiários do Estado do Rio de Janeiro o título definitivo de seu território com 287,9461 hectares. Até abril de 2006 Campinho da Independência era a única comunidade quilombola do Estado a ter seu título registrado em cartório.

A CONQUISTA DE TITULAÇÃO DO QUILOMBO DO CAMPINHO DA INDEPENDÊNCIA

A luta pela terra

Ao longo das décadas de 1960 e 1970, os quilombolas de Campinho da Independência enfrentaram uma acirrada disputa por suas terras.

A construção da rodovia BR-101 (Rio - Santos), entre os anos de 1970 e 1973, trouxe a supervalorização da área em que se encontra a comunidade. Toda a região de Paraty passou a ser foco de interesse de empreendimentos turísticos, e, como conseqüência, grande parte da população tradicional foi expulsa de suas terras.

Foi nessa ocasião que grileiros começaram a tentar se apossar das terras de Campinho. No entanto, a comunidade não aceitou essa expropriação e resistiu.

Em 1994 os quilombolas de Campinho da Independência fundam a Associação de Moradores do Campinho (AMOC) e começam, então, a exigir a titulação coletiva de suas terras.

Em março de 1999 a área da comunidade foi finalmente titulada coroando mais de 30 anos de luta pelo direito à sua terra.

O desafio da auto-sustentação

Embora a batalha pela titulação esteja vencida, os quilombolas ainda enfrentam o desafio da auto-sustentação.

Ao longo de quase todo o século XIX, a comunidade viveu tranqüilamente da agricultura, caça e extrativismo. Atualmente os moradores de Campinho não realizam mais a caça nem a coleta nas matas ao redor da comunidade. As atividades produtivas da comunidade são a agricultura e o artesanato.

As principais plantações são as de mandioca (utilizada para fazer farinha) e cana-de-açúcar (utilizada nos engenhos de cachaça). Além disso, são também plantados o feijão, o arroz e o milho.

O artesanato, feito com taboa, taquara e cipó, é produzido basicamente para a comercialização. Em 2001 foi construída uma casa de artesanato, onde o trabalho fica exposto para venda.

A comunidade também desenvolve um programa que denomina de turismo étnico. A comunidade mantém um sítio eletrônico com informações para turistas, onde são anunciadas as diversas atividades realizadas no local, como trilhas ecológicas e apresentações de danças típicas. A comunidade dispõe também de uma pousada para os visitantes.

No entanto, muitos moradores ainda continuam tendo que trabalhar nos condomínios de alto padrão localizados próximos à comunidade para completar a renda familiar. As mulheres costumam trabalhar como empregadas domésticas e os homens como caseiros.

Assim, o maior desafio dos quilombolas de Campinho é a busca de alternativas de geração de renda que possam ser desenvolvidas no seu próprio território. É para isso que a Associação de Moradores de Campinho vem lutando.

Mais informações:

Associação dos Moradores de Campinho - AMOC

BR 101 - km 589

Quilombo Campinho da Independência

Paraty - RJ 23.970-000

Telefone: (24) 3371-4866 (24) 3371-4866 / 4823

E-mail: O endereço de e-mail address está sendo protegido de spambots. Você precisa ativar o JavaScript enabled para vê-lo.

Fonte: http://www.cpisp.org.br/comunidades/html/brasil/rj/rj_conquista.html, com adaptações