ARTIGO DESCREVE TRABALHO DE AVALIAÇÃO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DA FAUNA

Servidores do Instituto Chico Mendes publicaram o artigo "Avaliação do Risco de Extinção da Fauna Brasileira: Ponto de Partida para a Conservação da Biodiversidade", que descreve o trabalho desenvolvido pelo órgão e parceiros. O estudo foi divulgado na revista científica Diversidade e Gestão e desenvolvido por Estevão Carino Fernandes de Souza, Arthur Brant, Carlos A. Rangel, Luis Eugênio Barbosa e Rodrigo S. P. Jorge, do CBC, e Carlos Eduardo Guidorizzi, do RAN.

O trabalho traz informações sobre como o processo de avaliação do estado de conservação das espécies da fauna brasileira é realizado pelo ICMBio, por meio de seus centros de pesquisa e conservação e parceiros, auxiliando na atualização da Lista Nacional Oficial de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna Brasileira.

Para avaliar o risco de extinção de vertebrados e invertebrados no Brasil, é utilizado o método de categorias e critérios desenvolvido pela União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). Essa metodologia é amplamente utilizada em avaliações do estado de conservação de espécies em nível global e já é adotada por diversos países. Seu processo é regular, contínuo e separado por etapas documentadas. Entre essas fases, estão compilação e organização de informações em fichas individuais para cada espécie; consulta ampla (pública) e direta aos especialistas da comunidade Artigo descreve trabalho de avaliação do estado de conservação da fauna científica para revisão das informações; oficina de avaliação do risco de extinção das espécies com o método UICN; oficina de validação dos resultados, quando é feita a checagem da aplicação do método; e publicação e divulgação dos resultados.

Até 2015, as informações sobre as espécies eram documentadas em arquivos Word. Com o objetivo de organizar as informações e facilitar a execução, foi desenvolvido o Sistema de Avaliação do Estado de Conservação da Biodiversidade (SALVE) para servir como um repositório dos dados das espécies avaliadas. De acordo com o analista de sistemas Eugênio Barbosa, desenvolvedor do SALVE, o sistema trouxe o processo de avaliação para o século XXI, trazendo agilidade, aumentando a produtividade da equipe e, principalmente, possibilitando a gestão dos dados e informações sobre espécies, permitindo responder questões como "quais espécies da fauna ocorrem em uma determinada unidade de conservação?" ou "quais são as espécies criticamente ameaçadas que ocorrem no Cerrado?".

Os resultados preliminares do ciclo atual de avaliação indicam que, das 2.777 espécies avaliadas até 2018, 2.429 (87,5%) permaneceram na mesma categoria de risco de extinção do ciclo anterior, enquanto 97 (3,5%) foram avaliados em uma categoria melhor que a anterior e 251 (9%) em categoria pior. Entre os que melhoraram, o motivo mais frequente (75 táxons) foi a disponibilidade de novas informações. Apenas em dois casos a melhoria foi atribuída a uma mudança real no estado de conservação da espécie. Entre os que pioraram, para 198 táxons, a razão foi a disponibilidade de novas informações, enquanto, para oito deles, o fator foi a mudança real do estado de conservação.

O processo de avaliação conduzido pelo ICMBio é, provavelmente, o maior esforço já empreendido em nível mundial para avaliação do risco de extinção de espécies da fauna de um país e estabeleceu no Brasil um marco zero a partir do qual o estado de conservação da fauna poderá ser monitorado continuamente. Mais do que apenas contribuir para atualização da Lista Nacional Oficial de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, os esforços conjuntos do ICMBio com a comunidade científica resultam na geração e organização de dados e informações sobre estas espécies no país. A implementação do sistema SALVE resultará em um banco de dados digital das espécies da fauna brasileira, que ficará disponível para consulta por gestores, tomadores de decisão e cidadãos em geral.

(Texto retirado do ICMBio em Foco - nº 537, páginas 18 e 19)