Oficina avalia estado de conservação de aves marinhas e costeiras

O processo de avaliação de risco de extinção das espécies da fauna brasileira é contínuo e cíclico, ocorrendo em intervalos de cinco anos. Neste sentido, ocorreu de 15 a 16 de outubro de 2019, o segundo ciclo de Avaliação do Estado de Conservação das Aves Marinhas e Costeiras, na ACADEBio, Iperó, São Paulo, contando com a participação de 13 especialistas de diferentes instituições.

As aves marinhas e costeiras são aquelas associadas a ambientes costeiros e oceânicos. Muitas espécies viajam milhares de quilômetros em águas internacionais, por longos períodos. Diversas ações ameaçam essas espécies; capturas incidentais em artefatos de pesca (espinhéis), o turismo desordenado, gestão inadequada de resíduos sólidos, invasão de espécies exóticas, poluição, além do desmatamento ambiental na costa brasileira e ilhas oceânicas.

A avaliação dos táxons seguiu a metodologia estabelecida pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). No final da oficina foi elaborado documento contendo a categorização de risco de extinção para cada táxon, com as devidas justificativas, totalizando 114 espécies avaliadas, ficando seis como Criticamente em Perigo (CR), oito Em Perigo (EN), sete Vulnerável (VU), quatro Quase Ameaçada (NT), 39 como Menos Preocupante (LC), uma como Dados Insuficientes (DD) e 48 como Não Aplicável (NA).

Ocorreram algumas mudanças entre o primeiro e o segundo ciclo de avaliação. Por exemplo, a grazina (Pterodroma deserta), que no primeiro ciclo foi categorizada como CR agora ficou como VU, considerando que melhores informações permitiram uma adequação na categoria de ameaça, o trinta-réis-de-bando (Thalasseus acuflavidus) que antes foi categorizado como LC agora passou para VU, devido principalmente pela predação de ninho e perturbação humana nas áreas de nidificação da espécie.

Diomedea exulans. Foto: Dimas Gianuca

O resultado da avaliação será validado por especialistas em aplicação de critérios e categorias da IUCN, no processo de revisão. A oficina foi coordenada pelo ICMBio/Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (CEMAVE), com apoio do ICMBio/Centro Nacional de Avaliação da Biodiversidade e de Pesquisa e Conservação do Cerrado (CBC) e da ACADEBio. Contou com a participação de especialistas das seguintes instituições: Universidade Estadual de Santa Cruz, Projeto Albatroz, Universidade Federal do Rio Grande, Universidade Federal de Alagoas, ICMBio/Atol das Rocas, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Universidade Federal da Bahia e Universidade de São Paulo.

Participantes da Oficina de Avaliação. Foto: acervo ACADEBIO