PAN Campos Sulinos tem monitoria anual e avaliação intermediária

Fotos reuniao PAN Campos Sulinos 2020 3

É responsabilidade do governo brasileiro, por meio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade – ICMBio, o desenvolvimento de estratégias para conhecer e proteger a biodiversidade brasileira, além de recuperar espécies ameaçadas de extinção. A elaboração e implementação de Planos de Ação Nacionais (PANs) para a conservação de espécies ameaçadas é uma das estratégias para a gestão compartilhada para o manejo e a conservação de táxons com maior grau de ameaça.

No período de 05 a 09 de outubro, foi realizada virtualmente a Terceira Oficina Anual de Monitoria e a Avaliação Intermediária de Implementação do segundo ciclo do Plano de ação Nacional para a Conservação das Aves dos Campos Sulinos. Esta oficina contou com 11 participantes, o grupo assessor estratégico do PAN, pesquisadores e gestores convidados. Além de avaliar a implementação de cada uma das ações vigentes do PAN, foram promovidos ajustes e revisão de estratégias, quando necessário. A oficina virtual também tratou de avaliar os indicadores relacionados à efetividade do PAN em atingir suas metas estabelecidas para a conservação.

O bioma dos Campos Sulinos compreende um dos sete grandes biomas brasileiros e ocupa uma área de 210 mil km2. Neste, predominam comunidades vegetais compostas por espécies de gramíneas de valor forrageiro, leguminosas úteis ao pastoreio e também outras plantas herbáceas. Os Campos Sulinos apresentam uma biodiversidade significativa e singular, porém são crescentes as pressões que têm reduzido, fragmentado e alterado essas áreas naturais. Além disso, este ambiente também serve de área de reprodução ou invernagem a muitas espécies de aves migratórias.

Dentre as sub-regiões dos campos sulinos, destaca-se o Espinilho, que possui espécies de aves restritas a essa formação (savana de arvoretas espinhentas e retorcidas típica da extremidade oeste do Rio Grande do Sul), sendo o único ambiente de ocorrência de algarrobos (Prosopis nigra e P.affinis) no Brasil, espécie vegetal ameaçada e de difícil regeneração. A perda e a descaracterização do espinilho são as principais ameaças às espécies endêmicas desta fitoformação, extensas áreas originalmente recobertas por essa formação foram convertidas em lavouras de arroz. No Brasil, os maiores fragmentos de espinilho totalizam 1.200 ha e estão localizados no Parque Estadual do Espinilho.

Arapaçu-platino (Drymornis bridgesii). Foto: Patrícia Serafini.O PAN Aves dos Campos Sulinos foi elaborado participativamente propondo ações que visem reduzir o grau de ameaça para 18 espécies de aves consideradas ameaçadas de extinção, constantes da Lista Nacional (Portaria MMA nº 444/2014), classificadas nas categorias: CR (Criticamente Ameaçada); EN (Em perigo); e VU (Vulnerável). Estabelece de maneira concomitante estratégias para conservação de outros nove táxons considerados beneficiados, sendo oito categorizados nacionalmente como NT (Quase Ameaçado), todos compartilhando pressões semelhantes relacionadas à perda e alteração de habitat, sendo que algumas destas espécies são alvo ainda da captura ilegal.

Este PAN Campos Sulinos também se integra ao Plano de Ação Internacional (PAI) que trata da conservação de espécies migratórias associadas a ambientes de campos naturais na América do Sul. Esta iniciativa está diretamente ligada ao "Memorandum de Entendimiento sobre la Conservación de Especies de Aves Migratórias de Pastizales del sur de Sudamerica y de sus Habitats" da CMS assinado em 2008 por quatro países signatários e o Brasil. Atualmente, representantes da Argentina, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Brasil se dedicam a implementar as ações constantes neste PAI elaborado conjuntamente e participaram de Oficina virtual promovida pela Convenção sobre Espécies Migratórias (CMS) para a monitoria de sua implementação em setembro de 2020 (https://www.cms.int/en/meeting/virtual-meeting-monitoring-action-plan-mou-conservation-grassland-birds-south-south-america).

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