Papagaio-de-cara-roxa sai da lista nacional de espécies ameaçadas de extinção

Instalação de ninhos artificiais foram essenciais para reavaliação positiva da espécie

A Lista de Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção, divulgada no final de 2014 pelo Ministério do Meio Ambiente conta, agora, com 1.173 espécies. A relação que é elaborada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) trouxe uma boa notícia para o papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis). Agora, a espécie deixou a categoria "vulnerável" para "quase ameaçada".

A saída do papagaio demonstra que o trabalho em conservação está dando resultados. O papagaio-de-cara-roxa estava na lista principalmente pela degradação dos locais onde habita e pelo comércio de animais silvestres.

A coordenadora do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica (PAN Papagaios), Patricia Serafini, vê a melhora do status de conservação como meta para todas as espécies ameaçadas, contudo cautela para as particularidades locais e do papagaio-de-cara-roxa permanecem cruciais. "Para reverter a situação da espécie foi necessário ações de manejo, como o fornecimento de ninhos artificiais e seu monitoramento, atividade que necessita de continuidade para que a espécie mantenha seu estado mais favorável de conservação. Já que corte seletivo de árvores de grande porte ainda causa a baixa disponibilidade de ocos naturais para ninhos" explica a coordenadora.

Parceiros PAN Papagaios

Em 2014, a principal instituição articuladora de ações do PAN Papagaios envolvendo esta espécie, a Sociedade de Pesquisa em Vida Selvagem e Educação Ambiental (SPVS), monitorou cerca de 100 ninhos ativos e foi registrado o nascimento de 107 filhotes, no litoral norte do Paraná. A orientação e a sensibilização dos moradores e visitantes da região em relação à fragilidade da espécie e de seu habitat foram fundamentais para a conservação dos papagaios-de-cara-roxa.

Para alcançar este resultado, foi realizado um intenso trabalho de educação ambiental com professores, alunos e jovens dos municípios de Guaraqueçaba (PR) e Paranaguá (PR), além de campanhas educativas no litoral sobre a problemática do tráfico de animais silvestres. "No início, os moradores não sabiam que essa espécie estava ameaçada de extinção, por isso foi essencial trabalhar primeiro com eles", explica a coordenadora do Projeto de Conservação do Papagaio-de-cara-roxa/SPVS, Elenise Sipinski.

Agora, as mesmas atividades que vem sendo executadas com sucesso no Paraná também estão sendo ampliadas para o estado de São Paulo. Onde desde 2013, o Projeto de Conservação da espécie vem realizando ações de monitoramento populacional e reprodutivo com apoio da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) e da Fundação Loro Parque.

Amazona brasiliensis, filhote. Foto: Elenise Sipinski

Amazona brasiliensis, filhote. Foto: Elenise Sipinski

 

Sobre a espécie

O papagaio-de-cara-roxa (Amazona brasiliensis) é uma espécie endêmica da Floresta Atlântica. Isso quer dizer que o único lugar do mundo habitado por essa ave é uma determinada região do Brasil, localizada numa estreita faixa litorânea de aproximadamente 285 km entre o sul de São Paulo e o extremo norte de Santa Catarina. Nesses locais o papagaio busca alimento, se reproduz, faz seu ninho e descansa em dormitórios coletivos.
A ave chega a medir 36 cm de comprimento e possui testa e loros vermelhos, cabeça com lados azuis, vértice e garganta arroxeados, cauda com a ponta amarelo-esverdeada e uma faixa subterminal vermelha.

PAN Papagaios

O Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Papagaios da Mata Atlântica (PAN Papagaios) compreende ações para conservação das espécies ameaçadas de extinção: papagaio-de-peito-roxo (Amazona vinacea), papagaio-da-serra (A. pretrei), papagaio-da-cara-roxa (A. brasiliensis) e chauá (A. rhodocorytha), além de ações direcionadas para o papagaio-verdadeiro (A. aestiva), espécie de interesse especial que, apesar de não integrar a Lista Oficial de espécies ameaçadas, é alvo frequente do tráfico de animais silvestres.

O plano tem como objetivo garantir a integridade genética e demográfica das populações naturais das espécies contempladas no PAN Papagaios, por meio da ampliação do conhecimento científico, da redução da perda de hábitat e da retirada de espécimes da natureza, nos próximos cinco anos. Saiba mais:

http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/plano-de-acao/837-plano-de-acao-nacional-para-conservacao-dos-papagaios-da-mata-atlantica.html

Conheça o Cemave

O Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Aves Silvestres (Cemave) é um dos 11 Centros geridos pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), com atuação em todo território brasileiro e sede localizada na Floresta Nacional Restinga de Cabedelo (PB).

O Cemave coordena um programa nacional de marcação de aves na natureza (Sistema Nacional de Anilhamento de Aves Silvestres - SNA) com anéis numerados (ANILHAS), o maior do gênero na América Latina. Também é responsável pela avaliação do estado de conservação das aves brasileiras e pela elaboração e coordenação de 15 Planos de Ação Nacionais (PAN) que atuam na conservação de aves brasileiras ameaçadas de extinção e das aves migratórias.

As informações sobre as ações de conservação de cada plano podem ser conferidos através do link:

http://www.icmbio.gov.br/portal/biodiversidade/fauna-brasileira/planos-de-acao-nacional.html?task=listaPlanoAcao&limitstart=0