Artigo 8

AS PESCARIAS BRASILEIRAS DE BONITO-LISTRADO COM VARA E ISCA-VIVA, NO SUDESTE E SUL DO BRASIL, NO PERÍODO DE 1980 A 1998. 1José Heriberto Meneses de Lima, Celso Fernandes Lin e Antonio Alberto da Silveira Menezes>
Boletim Técnico Científico - Volume 8 - Numero 1 - Ano 2000
Resumo
Neste trabalho se apresenta uma análise descritiva da pescaria do bonito-listrado (Katsuwonus pelamis) com vara e isca-viva, nas regiões Sudeste e Sul do Brasil, durante o período 1980-1998. Foram utilizados, basicamente, todos os dados estatísticos disponíveis sobre captura, esforço de pesca e freqüências de comprimento desta espécie. As análises foram realizadas por frota (Rio de Janeiro, Santa Catarina e frota estrangeira arrendada), considerando três períodos de tempo distintos. A pescaria do bonito-listrado com isca-viva foi iniciada em
1979, no Rio de Janeiro (Sudeste do Brasil), por barcos adaptados de outras modalidades de pesca, mostrando um rápido desenvolvimento, com expansão da área de pesca para a região sul e aumento do tamanho da frota, que atingiu 92 barcos em 1982. Nos anos seguintes, o número de barcos mostrou decréscimo acentuado, reduzindo-se para 50 unidades e, nos últimos anos, situou-se em torno de 45 embarcações. O bonito-listrado é a espécie alvo desta pescaria, participando com 89.3% da captura total em peso; a albacora-laje (Thunnus albacares) aparece como a segunda espécie mais importante. As capturas do bonito listrado mostraram crescimento acentuado nos primeiros anos de desenvolvimento da pescaria atingindo o recorde de 25.051 t, em 1985, o qual foi ultrapassado apenas em 1997 (25.573 t). As capturas apresentam variabilidade marcante com as estações do ano, atingindo níveis máximos no verão e mínimos no inverno. A pescaria é altamente dependente da isca-viva, que é composta, sobretudo, de indivíduos juvenis de sardinha (Sardinella brasiliensis). A adoção de medidas de ordenamento para a proteção do estoque adulto desta espécie, que mantém uma importante pescaria de cerco no Sudeste e Sul do Brasil, tem contribuído para diminuir a disponibilidade de juvenis de sardinha, sendo, portanto, um fator limitante para a expansão da pescaria do bonito-listrado com isca-viva. A análise da distribuição sazonal e geográfica da captura e do esforço de pesca mostrou a existência de um padrão de pesca no qual as maiores concentrações de esforço ocorrem no sul, durante os meses do verão, e na parte central da área de pesca,
durante o outono-inverno. Cada frota concentra o esforço de pesca em diferentes seções da área de pesca, afetando o rendimento e a composição da captura por espécie. As diferenças observadas nas taxas de captura entre frotas sugerem que a performance das embarcações é influenciada pela estratégia de pesca de cada frota e, possivelmente, pela utilização de dados de temperatura da superfície do mar, obtidos de imagens de satélite, para a localização de áreas, mais propícias à pesca e pela introdução de atratores para a concentração de cardumes. Além destes fatores, as taxas de captura são também influenciadas por
variações anuais e interanuais na distribuição do esforço de pesca e por variações nas características físicas das embarcações, sugerindo a necessidade de que sejam desenvolvidas análises de padronização dos dados de captura e esforço de pesca para a obtenção de índices de abundância padronizados que possam ser utilizados nos modelos de produção para avaliação da situação do estoque de bonito-listrado. A análise dos dados de comprimento do bonito-listrado mostrou distribuição unimodal das freqüências de comprimento, sendo que as
capturas são dominadas por peixes entre 48 e 62 cm de comprimento. Os comprimentos médios anuais variaram de 54,6 a 58,6 cm, não se observando redução de tamanho dos indivíduos capturados
Abstract
This paper presents a descriptive analysis of the baitboat fishery for skipjack tuna (Katsuwonus pelamis ) in the south and southeastern regions of Brazil, during the period 1980 through 1998. The basic data comprised all the available statistics on catch and effort and size frequency data. The analysis was carried out for three distinct time periods and the fleet was divided into three categories: Rio de Janeirobased fleet; Santa Catarina-based fleet and foreign flagged fleet. The fishery started in 1979, in Rio de Janeiro (southeast Brazil), by vessels adapted from other fishing activities and developed rapidly showing a southward expansion of the fishing grounds and a marked increase in fleet size, which reached 92 vessels in 1982. In the following years, the number of vessels declined sharply to around 50 units and in recent years it has leveled off around 45 units. Skipjack (Katsuwonus pelamis) has been the target species contributing with 89.3% of the catch, with yellowfin (Thunnus albacares) appearing as the second most important species. Skipjack catches have increased sharply during the first years of development of the fishery and reached a peak record of 25,051 MT in 1985, which was surpassed only in 1997 (25,573 MT). Catches show high variability with season reaching high levels during the summer with the lowest catches occurring in the winter. The fishery is highly dependent of the live bait, which is composed mainly of juveniles of sardine (Sardinella brasiliensis). Fishing regulations aimed to protect the adult stock of sardine, which supports an important purse seine fishery in the southeast Brazil, has diminished the availability of live bait and it is a limiting factor preventing further expansion of the baitboat fishery. The seasonal and geographical distribution of catch and effort was studied
showing a fishing pattern in which the highest concentration of fishing effort occurs in the south, during the summer months, and in the central part of the fishing area, during autumn-winter months. Each fleet category concentrates its fishing operations in distinct sections of the fishing area, affecting species composition and fishing performance. Differences in catch rates among fleets suggests that vessel's performance is affected by each fleet's fishing strategy, with the possibility that it might have been also affected by recent developments in the fishery, such as the use of satellite imagery of sea surface temperature as an indicator of fishing grounds and the introduction of fish aggregating devices (FADs). Besides these factors, skipjack catch rates are also affected by within-year and between-year variations in fishing effort distribution and by the increase observed in vessel's characteristics, suggesting the need to standardize skipjack catch (biomass) and effort data in order to obtain an appropriate biomass index to be used in stock production models describing the status of the western skipjack stock. The length-frequency distribution of skipjack is unimodal, with fish between 48 and 62 cm dominating the catches. Annual mean lengths varied from 54.6 cm to 58.6 cm and there is no indication of reduction in fish size.
Arquivos Visualize em PDF
Palavras-Chave bonito listrado, pesca com vara e isca viva, frequencias de comprimento, Brazil.