CEPTA conclui mais duas oficinas de avaliação de espécies.

Serrapinnus kriegi DZ15491 CP248 edit FernandoCarvalho EditadoSerrapinnus kriegi. Foto: Fernando Carvalho

Brycon hilarii JoseSabino EditadoBrycon hilarii. Foto: JoseSabino

foto da oficina3 EditadoFoto: Acervo CEPTA

oficina foto2 editado Foto: Acervo CEPTA

 

O CEPTA conclui suas 6ª e 7ª oficinas de avaliação do estado de conservação de espécies de peixes. Ambas as oficinas foram realizadas em formato inteiramente virtual, utilizando-se a plataforma TEAMS. As oficinas fazem parte do segundo ciclo de avaliação dos peixes continentais, com previsão de ser concluído em 2021.

A 6ª oficina ocorreu entre os dias 17 e 21 de agosto, e teve como foco as espécies LC pertencentes à ordem Characiformes de ocorrência na ecorregião Paraguai-Pantanal. A sigla "LC significa "least concern", cuja tradução é "menos preocupante", é uma das categorias definidas pelo método de avaliação de risco de extinção elaborado pela IUCN (International Union for Conservation of Nature) e adotado pelo ICMBio. A categoria LC é usada para as espécies avaliadas como de menor risco de extinção, geralmente por serem abundantes, terem ampla distribuição geográfica ou ocuparem regiões com poucas ameaças diretas à perpetuação da espécie.

Optamos por priorizar a avaliação de espécies que haviam sido categorizadas como LC no primeiro ciclo (2011 – 2014) por se tratar de espécies que geram menos discussão no processo avaliativo - explica a analista ambiental do CEPTA Carla Polaz, que é coordenadora de táxon do processo de avaliação dos peixes continentais. Como seria nossa primeira experiência de realização de oficina em formato não presencial, e não sabíamos se a experiência seria bem-sucedida, decidimos não inserir espécies que necessitam de uma discussão mais minuciosa para serem avaliadas.

A 7ª oficina, que teve como foco também espécies LC de ocorrência na ecorregião Paraguai-Pantanal, mas desta vez pertencentes à ordem Siluriformes, ocorreu de 21 a 24 de setembro. Nessa oficina também foi avaliado um grupo menor de espécies pertencentes às áreas de cerrado das ecorregiões caracterizadas pelas drenagens do alto rio Juruena e dos rios Araguaia e Tocantins.

Somando-se as duas oficinas, foram avaliadas 155 espécies, a grande maioria mantendo o status de LC, enquanto algumas poucas receberam outras categorias como NT ("not threatened", categoria utilizada para espécies que estão um nível acima de ameaça em relação à categoria LC), DD ("data deficient", utilizada para espécies cuja informação disponível é muito pequena para se decidir pelo risco de extinção da espécie), ou foram transferidas para oficinas posteriores por decisão do grupo pelo fato de necessitarem de maior discussão ou de melhor revisão dos registros de ocorrência para avaliação de seu status.

No total, estiveram envolvidos cerca de 20 especialistas de diversas instituições, principalmente de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, como UFMT, UFMS, UEMS, IMASUL, além de instituições com quadro de pesquisadores de grande representatividade na Ictiologia, como UEM, PUC Rio Grande do Sul e UNESP.

O formato virtual traz algumas limitações para a realização das oficinas de avaliação, principalmente em termos de carga horária, já que seria pouco produtivo e exaustivo realizar reuniões virtuais de 8 horas diárias durante uma semana inteira, como costuma ocorrer nas oficinas de avaliação presenciais na Acadebio – explica Mara Pais, analista ambiental e ponto focal da avaliação no CEPTA. Por outro lado, foi bem aceito pelos especialistas, que viram no horário reduzido das oficinas a possibilidade de conciliar a participação no processo avaliativo com as outras atividades acadêmicas e de pesquisa em que estão envolvidos. Chegamos a ter pesquisador participando da oficina enquanto estava na sala de embarque de um aeroporto. Também foram experimentadas novas dinâmicas de interação. Foi interessantíssimo presenciar, por exemplo, a discussão entre especialistas sobre registros em coleção pertencerem a uma dada espécie, enquanto um dos pesquisadores identificava exemplares de uma coleção em tempo real, e outros pesquisadores exibiam em suas telas ilustrações de peixes a partir de livros e outras publicações do acervo de suas instituições.

As próximas oficinas de avaliação de peixes continentais não amazônicos, também em formato virtual, ocorrerão nos meses de outubro de novembro e terão como alvo os peixes categorizados como LC de bacias hidrográficas da região sul do Brasil.