População de peixes-bois começa a dar sinais de recuperação em Alagoas

Após 20 anos de reintroduções de peixes-bois no estado de Alagoas, a população começa a dar sinais de recuperação. Na última sexta-feira (10/10/2014), um filhote neonato foi resgatado pela equipe da Base Avançada do CMA em Porto de Pedras, com o apoio da Sede do CMA em Itamaracá, da ONG Biota e do Hotel Resort Pratagy. Este foi o primeiro peixe-boi neonato resgatado vivo em todo o estado de Alagoas em todo o período de atuação do Projeto.

No último dia 10 de outubro, a Base Avançada do CMA em Porto de Pedras/AL recebeu uma chamada de encalhe de peixe-boi vivo por volta das 16:00 h. Quando chegou a praia de Pratagy em Maceió, já fora dos limites da APA Costa dos Corais, constatou tratar-se de uma fêmea recém nascida de 1,10 m de comprimento e 24,5 kg. Apesar de pequenas escoriações causadas pela areia no momento do encalhe, o animal apresentava bom estado de saúde. O peixe-boi foi mantido em um braço do rio Meirim por aproximadamente 24 h, período que as equipes do CMA se revezavam nas buscas pela mãe. Como não foram avistados peixes-boi adultos nas imediações do local de encalhe, a alternativa viável foi transportar o animal para o Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) do CMA em Itamaracá/PE, o único local com condições operacionais de receber filhotes de peixes-bois na região.

O filhote chegou em ótimas condições ao CRAS, graças a grande dedicação da equipe de resgate. O analista ambiental e responsável pela Base do CMA em Alagoas Iran Normande coordenou o resgate até a chegada da veterinária do CMA Sede Gláucia Pereira, que assumiu os cuidados com o animal enquanto o restante da equipe efetuava as buscas pela mãe. "Foi incrível ver a dedicação de toda a equipe que atravessou a madrugada dentro d'água e mesmo assim encontrou forças para realizar as buscas após o nascer do sol", afirmou Normande. Agora o animal passará por uma bateria de exames clínicos e laboratoriais e um por um período de reabilitação. Em aproximadamente dois anos o filhote estará apto para retornar a natureza e será reintroduzido no estado, dando continuidade a bem sucedida estratégia de repovoamento conduzida pelo ICMBio.

Recuperação populacional

Até 2013 não existiam registros de encalhes de filhotes neonatos no estado de Alagoas. Entre 2013 e 2014 já foram registrados três eventos, sendo que nos dois primeiros casos os animais foram devolvidos ao mar pela comunidade antes da chegada da equipe do CMA. Apesar do monitoramento de praia subsequente, os filhotes não voltaram a encalhar. Todos os registros foram realizados fora de unidades de conservação, o que indica que os peixes-boi têm utilizado, para fins de reprodução, áreas com menor grau de proteção ambiental.

Os encaches de filhotes recém nascidos são frequentes nos litorais do Ceará e Rio Grande do Norte, no entanto, o litoral alagoano até então não enfrentava este problema. As grandes marés associadas às ressacas observadas na última semana na região podem ajudar a entender o evento. Os peixes-boi quando nascem são muito dependentes das mães e necessitam de cuidado intenso por aproximadamente dois anos, período em que são amamentados.

O Projeto Peixe-boi/ICMBio já realizou 38 solturas de peixes-bois em 20 anos de atuação. Destas, 28 foram realizadas em Alagoas com uma taxa de sucesso de aproximadamente 75%. Este incremento de indivíduos ocasionado pelas solturas começa a refletir na população como um todo, possivelmente gerando um aumento do número de nascimentos e o consequente encalhe de alguns filhotes devido a condições ambientais extremas.

 

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