Espécie nova da flora registrada no Parque Nacional do Caparaó

Nova espécie vegetal descoberta no Parque Nacional do Caparaó Uma nova espécie vegetal foi descoberta no Parque Nacional do Caparaó, Unidade de Conservação (UC) localizada na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, sob gestão do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, chamando a atenção para a riqueza biológica ainda pouco conhecida que ocorre no Parque. O Parque Nacional do Caparaó é uma importante UC para espécies do gênero Baccharis (carquejas, vassouras e alecrins-do-campo) contando com aproximadamente 20 espécies. Nos campos de altitude do Parque está o limite norte de distribuição de várias espécies desse grupo de plantas, bem como são encontradas outras espécies raras, endêmicas, ou restritas ao sudeste do Brasil. Com a nova espécie recentemente descoberta, o Parque resguarda três espécies endêmicas do gênero Baccharis, ou seja, que não são encontradas em nenhum outro lugar do mundo. Dentre as espécies endêmicas do Caparaó, Baccharis opuntioides é uma espécie de carqueja que ocorre em campos e afloramentos rochosos, enquanto que Baccharis dubia é um pequeno arbusto do grupo dos alecrins-do-campo, restrito a afloramentos rochosos úmidos. A nova espécie descrita, denominada de Baccharis hemíptera, é bastante peculiar por apresentar porte arbustivo podendo alcançar até 2,5 m de altura, enquanto que as outras carquejas mais comuns são pequenos subarbustos medindo cerca de 0,5 a 1 m. Essa descoberta foi realizada durante estudos da flora do Parque conduzidos pelo biólogo Gustavo Heiden, doutorando em Botânica pela Universidade de São Paulo (USP), em parceria com o biólogo Ângelo Alberto Schneider, doutor em Botânica pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Segundo o pesquisador a descoberta dessa nova espécie reforça a importância das unidades de conservação: “essas unidades abrigam espécies raras e endêmicas ou mesmo muitas vezes ainda desconhecidas pela ciência, e a necessidade de acesso dos pesquisadores às unidades de conservação, permitindo um trabalho em conjunto com as UC para o reconhecimento e preservação do patrimônio biológico do país, é de suma importância”, afirma Gustavo. A continuidade dos estudos da biodiversidade do Parque poderá no futuro proporcionar novas descobertas de espécies desconhecidas para a região ou mesmo para a ciência, reforçando a importância do trabalho em conjunto de diferentes setores da sociedade. Segundo Waldomiro Lopes, analista ambiental responsável pelo setor de pesquisas, no ano de 2012 o Parque recebeu 95 solicitações de pesquisa por meio do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBIO, figurando como a quinta Unidade mais procurada com essa finalidade, dentre as 314 UC federais administradas pelo ICMBio. O Parque O Parque Nacional do Caparaó foi criado em 24 de maio de 1961 pelo decreto federal nº 50.646 e possui cerca de 31,8 mil hectares de área. Está localizado na divisa entre os estados do Espírito Santo e Minas Gerais, ocupando parte do território de cinco municípios espírito-santenses e quatro do lado mineiro. É um dos destinos mais procurados pelos adeptos do montanhismo, abrigando cinco dos dez picos mais altos do país, com destaque para o terceiro ponto mais alto do Brasil, o Pico da Bandeira, com 2.892 metros de altitude. Além das trilhas, os visitantes podem se deliciar com banhos em cachoeiras e piscinas naturais, observar deslumbrantes visuais da Serra do Caparaó e região, com belos espetáculos no alvorecer e no pôr-do-sol.