Natureza Local

 

Segundo a claFoto Anderson Nascimentossificação de Köppen, o clima do Parque Nacional do Caparaó é do tipo Cwb, caracterizando-se por ser clima tropical de altitude, onde o relevo assume importância marcante na determinação das diferenças de temperatura na área. A temperatura média anual varia entre os 19oC e os 22oC, com a máxima absoluta atingindo os 36oC e a mínima absoluta os 4oC negativos nos picos mais altos do Parque (IBAMA, 1995; IEF/ TURMINAS/ IBAMA/ GTZ/ IGA, s/data1).

A pluviosidade média varia dos 1.000 aos 1.500mm anuais, atingindo 1.750mm na porção norte do Parque. As chuvas concentram-se no trimestre de novembro a janeiro, quando ocorrem de 35% a 50% das precipitações anuais. O período do ano que apresenta as menores médias pluviométricas é aquele entre junho e agosto, embora este fator varie em conseqüência do relevo local (IBDF, 1981).

Em seu estado primitivo, a região devia ser quase que totalmente coberta por Florestas Tropicais, apresentando a fauna característica de Mata Atlântica.
Com a ocupação da terra para agricultura e pecuária, quase que a totalidade destas florestas foram destruídas, restando da fauna do Parque se resumindo a pequenos animais relativamente comuns, como o gambá , cuícas várias. Alguns roedores de certa importância  como a paca ,o tapeti e o caxinguelê. Além de alguns predadores menos exigentes quanto ao espaço vital como o cachorro-do-mato , irara, guaxinim e pelo menos uma espécie de gato-do-mato.
A avifauna é formada por espécies notáveis e muito comuns em grande parte do Brasil , especialmente o inhambu-chintam que habita as capoeiras, os urubus pretos, vários gaviões, sendo o mais frequente rapineiro é o gavião-carijó. Além de diversas outras aves, como beija-flores, o carrapateiro, o cará-cará , o jacu , o bacurau , o formicidário , o furnarídeo , o tiranídeo , o saci , o tico-tico e a  seriema

Mata Atlântica:  Possui a maior biodiversidade encontrada no país, sendo um dos ecossistemas mais ameaçados do planeta. Destacam-se espécies como angicos, quaresmeiras, palmeiras, jequitibás, ipês, bromélias, orquídeas, plantas medicinais, árvores frutíferas e nativas. 

Campos de altitude: Nessa região predominam espécies adaptadas às peculiaridades locais tais como, solos pedregosos, frio intenso, geadas e formação de crostas de gelo.

   A região onde se abriga o maciço do Caparaó, delimitada entre 19º S, 43º W e o litoral, seguiremos o sistema de classificação empregado pelo IBGE, segundo o qual teríamos nesta região os seguintes tipos de vegetação:

 

  • Floresta Perenifólia Higrófila Costeira
  • Floresta Subcaducifólia Tropical
  • Vegetação Litorânea
  • Campos de Altitude

 

Floresta Perenifólia Higrófila Costeira

   Sua ocorrência depende de condições de relevo, pluviosidade e umidade. Em geral recobre as planícies costeiras do Espírito Santo e Rio de Janeiro onde são altas a umidade e pluviosidade favorecidas pela influência marítima. 
   A aparente pujança da floresta, alta e densa, com presença de inúmeros estratos é reflexo de um delicado equilíbrio onde grossa camada de húmus recobre solos arenosos e úmidos. O seu aspecto tipicamente tropical é reforçado pelo grande número de lianas, epítifas (aráceas, bromeliáceas, orquidáceas, polipodiáceas etc.), fetos arborescentes (Dicksonia ssp, Alsophila ssp) e palmeiras. Seus representantes em geral atingem 25 a 30m e a densidade de copas é de grande número redundando em ambiente úmido e sombrio ao sub-bosque. Nas vertentes capixabas da floresta, esta mesma consegue atingir altitudes mais altas acompanhando os grotões mais úmidos das serras do Caparaó e Mantiqueira embora sua pujança decresça com a altitude.
   As espécies arbóreas encontradas são do mais alto valor como os ipês, canelas, cedro, sapucaias, jacarandás, jequitibás, pau-brasil, vinhático, óleo vermelho e muitas outras. À medida que se eleva a altitude, predominam a canjerana, adrago e muitas Melastomáceas e Lauráceas. Contudo, tais espécies, outrora abundantes, tornaram-se hoje raras devido à intensa procura de madeira pelo mercado e conseqüente devastação. 

Floresta Subcaducifólia Tropical

   Ela começa a surgir nas bordas da região serrana escalando a Mantiqueira e as serras dos Órgãos e do Caparaó adentrando-se pelo sudeste de Minas Gerais. Seu comportamento particular é a perda de folhas por muitas das espécies durante a seca aumentando o número de espécies decíduas  à medida que se caminha para os cerrados.
   Como é uma floresta de cobertura menos densa que a da Floresta Costeira, formação de estratos inferiores é mais fácil apresentando sub-bosque fechado e com grande número de espécies. Em geral as árvores vão até uns 25m  seguidos de um estrato inferior que alcança de 12 a 15m.
   Dentre as espécies que mais se destacam podemos citar as perobas, o cedro, as canelas, o araribá, o jatobá, embaúbas, e muitas outras leguminosas, melastomatáceas, bignoniáceas, lauráceas, meliáceas, palmáceas etc.. Com o aumento da altitude, a variabilidade em plantas inferiores se torna maior, apresentando grande número de samambaias, inclusive os samambaiuçus ou fetos arborescentes (Dicksonia, Alsophila). São ainda numerosas as hepáticas, musgos, basidiomicetos e líquens.

Vegetação Litorânea

 A vegetação Litorânea compreende 4 subtipos, segundo o IBGE, os quais são:

 

  •  Vegetação das Praias
  •  Vegetação das Dunas
  •  Vegetação das Restingas
  •  Vegetação dos Mangues

 

Campos de Altitude

   Os campos ocorrem na região, de forma natural, provocados pela altitude. Em geral, estes surgem nos altos de serra a partir de 900/1000m. No caso da Serra do Caparaó, os campos surgem próximo à altitude de 2000m. Tal tipo de vegetação também é conhecida como Campo Rupestre, denominação devida aos afloramentos rochosos naturais presentes nas grandes altitudes. Em geral, a vegetação é baixa: rasteira e arbustiva, atribuindo-se tal fato à pouca profundidade do solo que logo atinge a rocha maciça. O pouco solo existente, em geral turfoso e negro, impede a formação de lençol freático transformando a área em charcos com a mínima precipitação. Porém, a umidade logo seca com o escoamento elevado, em encostas tão íngremes. Tais condições adversas impedem as formações florestais à medida que se eleva a altitude sendo segundo Ruschi (1950), a candeia uma das últimas espécies arbóreas a se manifestar. Ruschi afirma ainda já ter ocorrido por Caparaó o pinheiro brasileiro em altitudes por volta de 1700m. 
   Apesar de tudo, os campos rupestres do maciço do Caparaó se encontram bem deformados pelos freqüentes fogos e pela presença de ungulados domésticos.

O Parque Nacional do Caparaó está situado na região leste do Estado de Minas Gerais, divisa com o Estado do Espírito Santo. A região configura uma cadeia de montanhas que se eleva, de forma abrupta até cerca de 2800 metros acerca do nível do mar, formando um Maciço, o Maciço do Caparaó.

Do ponto de vista geológico, o Maciço do Caparaó integra uma extensa cadeia de dobramentos (denominada Faixa de dobramentos Ribeira), desenvolvida na região sudeste do Brasil durante o denominado Ciclo Brasiliano (cerca de 630-550 milhões de anos atrás). 

Dados geoquímicos contudo, mostram que as rochas que formam o maciço do Caparaó são mais antigas ainda (tendo sido formadas há cerca de 2 bilhões e cem milhões de anos atrás), sendo portanto apenas retrabalhadas pelo ciclo Brasiliano. Este ciclo representou um periódo de intensa atividade geológica (magmatismo e formação de montanhas) numa extensa área geográfica que hoje integra grande parte do território brasileiro.

 O conjunto rochoso do qual faz parte o Maciço do Caparaó se distribui na direção norte-sul, envolvendo rochas metamórficas de médio a alto grau. Predominam gnaisses, migmatitos, especialmente com biotita e granada, além de charnockitos de composição intermediária a básica, sejam maciços ou bandados.

As rochas que afloram nos limites do parque são gnaisses e charnockitos foliados  compostos por quartzo-plagioclásio-ortopiroxênio e granada. A foliação destas rochas, desenha uma grande dobra antiformal, cuja charneira cai para o norte. O flanco oeste deste extenso antiforme está verticalizado a invertido, podendo ser observado no Vale Verde, nos domínios do parque. A zona perianticlinal (ou o nariz da dobra) está exposta ao longo da BR 262, imediatamente a leste da cidade de Pequiá. A estrutura dobrada está limitada por grandes falhas ou descontinuidades geológicas, que limitam o maciço tanto a leste e oeste.

PARA SABER MAIS:

SOLLNER,F., LAMMERER,B., WEBER-DIEFENCACH,D. 1989. Brasiliano age of a charnoenderbitic rock suite on the Complexo Costeiro, Espirito Santo/Brazil: evidence from U-Pb geochronolgy on zircons. Zentralblatt fur. Palaontologie. Teil. I, H56, 933.945.

CUNNINGHAN,D., ALKMIM,F.F. AND MARSHAK,S.1998. A Strucutural transect across the coastal mobile belt in the Brazilian Highlands (latitude 20S): the roots of a Precambrian Transpressional Orogen. Precambriam Research 92: 251-275. 

Conhecer a hidrografia de uma região significa estudar o ciclo da água que provém da atmosfera ou do subsolo. O vapor de água da atmosfera precipita-se ao se condensar. A densidade de rios de uma bacia relaciona-se ao clima da região. Na região do Parque Nacional do Caparaó os índices pluviométricos são altos, verificando uma precipitação de 1.400 mm média anual. Portanto, a região é rica em recursos hídricos, existem muitos rios perenes e caudalosos, que nunca secam e possuem um grande volume de água em seus leitos.

 Outra forma importante para determinar a sua rede de drenagem é o relevo. A região do entorno do Parque Nacional do Caparaó se caracteriza pelas paisagens de morfologia de mares de morros que se apresentam em vários níveis diferentes de erosão. A dissecação sobre a tectônica quebrante pré-cambriana é acentuada e se depreende do conjunto de fatores de ordem geográfica e geológica próprios a esse trecho

 O Parque Nacional do Caparaó situado na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo apresenta uma grande quantidade de córregos, riachos e nascentes, contribuindo com três importantes bacias hidrográficas: Bacia do Itabapoana-RJ, tendo o rio Caparaó, que nasce no Pico do Calçado e é formador das piscinas naturais do vale verde, e o rio Preto, que nasce na base do Pico do Cristal, formador das Cachoeiras da Farofa, Sete Pilões e do Aurélio, do lado mineiro. Bacia do Itapemirim-ES, tendo como principais afluentes os rios Pedra Roxa, que nasce quase no topo do Pico da Bandeira e Santa Marta, que nasce na base do Pico da Bandeira. E a Bacia do Rio Doce-MG, tendo como principais afluentes os rios José Pedro, que nasce próximo ao terreirão, fazendo a divisa dos estados MG/ES, e é formador do Vale Encantado e da Cachoeira Bonita, e o rio Claro, que nasce no Arrozal. Embora não se tenha um levantamento preciso, estima-se que o Parque possua mais de 1000 nascentes em seu interior. Porém, muitas vezes esses recursos hídricos vêm sendo destruídos pela ação do homem que visa em primeiro lugar o lado econômico.

 Na região do Parque Nacional do Caparaó a hidrografia nas partes mais altas apresenta vales encaixados representadas por falhas geológicas da era pré-cambriana, formando rios encachoeirados com muitas corredeiras pela forma de topografia composta por altas elevações como o pico da bandeira, o terceiro mais alto do país com 2892m, e algumas belas quedas d’águas com mais de 80m, como a cachoeira bonita, aumentado mais as suas belezas.

Texto: Geraldo Gomes Cosendey - Licenciado em Geografia.

O Parque Nacional do Caparaó está situado na província biogeográfica da Floresta Pluvial do Brasil de Udvardy e pertence, segundo a classificação de Ab’Saber, ao Domínio Morfoclimático Atlântico, ou Mata Atlântica (IBAMA, 1995).

No Parque encontram-se as formações vegetais de floresta higrófila perenifólia, floresta subcaducifólia estacional, matas ciliares, campos de altitude e campos rupestres. A grande diferenciação nas formações vegetais é condicionada por diversos fatores como a variação climática, presença de cursos d’água, altitude e tipos de solo, além das intervenções humanas novas ou antigas, como fogo, desmatamentos e introdução de espécies exóticas (IBAMA, 1995).

Variações climáticas e intervenções humanas são responsáveis pela diferenciação nas formações vegetais existentes entre as vertentes capixaba e mineira do Parque. A porção voltada para o Espírito Santo possui florestas em estágio mais avançado de regeneração e, além disso, mais úmidas, devido à retenção da água das massas de ar que se condensam em suas escarpas (IBAMA, 1995). Nesta vertente, a floresta típica é aquela higrófila perenifólia. Diferentemente, na vertente de Minas Gerais, as florestas são subcaducifólias estacionais, alcançando menores altitudes, onde são logo substituídas pela vegetação de campos (IBDF, 1981).

Mas, provavelmente, o elemento mais importante que condiciona o tipo de vegetação, através da transformação do microclima local, é a altitude. Nas altitudes mais baixas, entre os 800m e 1.700m, a vegetação é formada por Floresta Pluvial Montana. A partir dos 1.700 a 1.800m, a floresta vai sendo substituída por campos de altitude e campos rupestres (sobre afloramentos rochosos) com incidência escassa de arbustos. Por fim, acima dos 2.400m, predominam os campos incrustados entre os afloramentos rochosos (IBAMA, 1995; PLANAVE, 2000).

As áreas florestais do Parque são de formação secundária, tendo sido alteradas pela ação do fogo, extração de madeiras nobres e desmatamento. Poucas áreas, em locais de mais difícil acesso, foram poupados dessas transformações. Em geral, o dossel destas matas varia entre os 20 e 30m, sendo comuns as espécies de formações secundárias como as embaúbas (Cecropia spp.), as quaresmeiras (Tibouchina ssp. e Miconia ssp.), os adragos (Croton spp.), os pau-jacarés e os angicos (Piptadenia ssp.). Nas altitudes maiores, predominam espécies da família das lecitidáceas, como os jequitibás (Cariniana excelsa), além das meliáceas como a cangerana (Cabralea aichleriana) e o cedro (IBAMA, 1995). Em locais mais úmidos na vertente leste (ES) há ocorrência de várias espécies de bromeliáceas e orquídeas.

Na transição de floresta para campo, existe predominância da espécie arbórea candeia (Vanillosmopsis erithropappa) (PLANAVE, 2000). Já nas áreas mais elevadas dos campos de altitude, predomina o bambuzinho-do-campo (Chusquea pinifolia), com ocorrência de várias espécies de bromeliáceas, pteridófilas, liquens e musgos (IBAMA, 1995).

Todas essas variações nas formações vegetais fazem do Parque Nacional do Caparaó um local ideal para ser utilizado no ensino de princípios de Ecologia Vegetal, pois o local apresenta, em espaço relativamente pequeno, vários exemplos dos condicionantes das diferentes formações vegetais.

O Parque Nacional do Caparaó localiza-se na divisa dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, entre os paralelos 20o19’S e 20o37’S e os meridianos 41o43’W e 41o53’W (IBDF, 1981). Foi criado pelo Decreto Federal no50.646 de 24 de maio de 1961, o qual definia a área do Parque como aquela acima da cota dos 1.300m. No entanto, devido à dificuldade prática de estabelecer estes limites em campo, o Decreto datado de 20 de novembro de 1997 veio redefini-los. A partir deste decreto, a área do Parque ficou estabelecida em cerca 31.800ha, distribuídos pelos municípios mineiros de Alto Caparaó, Caparaó, Espera Feliz e Alto Jequitibá, além dos municípios capixabas de Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto, Ibitirama, Iúna e Irupi (IBAMA, 1996a). Setenta porcento da área do Parque está contida no Espírito Santo e apenas trinta porcento em Minas Gerais (IBAMA, 1995).

Distâncias dos núcleos urbanos às Portarias do PARNA Caparaó

CidadeDistância (km)
Portaria Alto CaparaóPortaria Pedra Menina
Belo Horizonte (MG) 311 407
Manhuaçu (MG) 46 120
Manhumirim (MG) 26 102
Fervedouro (MG) 76 87
Carangola (MG) 52 62
Alto Jequitibá (MG) 18 76
Alto Caparaó (MG) 4 88
Vitória (ES) 248 277
Cachoeiro do Itapemirim (ES) 216 109
Espera Feliz (ES) 39 40
Dores do Rio Preto (ES) 58 34
Rio de Janeiro (RJ) 440 454