Atributos naturais

Fauna

A fauna do PNSB é bastante rica e diversificada, o que pode ser explicado pela presença de uma grande variedade de habitats e pelo seu gradiente altitudinal.

Várias pesquisas científicas estão em andamento no Parque, com ênfase em variados grupos taxonômicos, entre eles invertebrados terrestres, invertebrados aquáticos, anfíbios, aves, peixes e mamíferos, o que aumentará consideravelmente o conhecimento acerca do número de espécies da fauna que possuem o Parque como hábitat.

Mamíferos

Veado-mateiro - foto: Marcelo Guena Onça-parda - foto: Marcelo Guena Cachorro-do-mato - foto: Marcelo Guena


Das 156 espécies de mamíferos não-voadores com distribuição para a Mata Atlântica, 40 espécies ocorrem no PNSB.  Cinco espécies de mamíferos são endêmicas da Mata Atlântica: ouriço-cacheiro (Sphiggurus villosus), sagüi-da-serra-escuro (Callithrix aurita), bugio (Alouatta guariba clamitans), macaco-prego (Sapajus nigritus) e muriqui ou mono-carvoeiro (Brachyteles arachnoides).

Um grande número de espécies ameaçadas são protegidas pelo PNSB, entre elas a onça-pintada (Panthera onca), a onça-parda ou suçuarana (Puma concolor capricornensis), o muriqui o e o sagui-da-serra-escuro.
A presença da onça-pintada no interior do Parque foi confirmada recentemente, graças a uma pegada encontrada nas proximidades da cachoeira do Veado (ver notícia).

A onça-parda possui uma grande área de vida e se desloca desde os diversos ambientes florestais até pastagens e campos de altitude. A presença desta espécie demonstra a importância da preservação das áreas de mata situadas dentro e fora dos limites do Parque.

O muriqui, considerado o maior primata da América e muito exigente em termos de estrutura de habitat, é encontrado dentro do PNSB em áreas de grotões de mata de difícil acesso, ainda em bom estágio de preservação. Apesar de ameaçado de extinção, ainda é procurado por caçadores nas áreas do entorno do Parque.

Já o sagüi-da-serra-escuro, está presente em áreas de mata secundária em diversos estádios de sucessão.
Espécies mais tolerantes a áreas abertas, como o furão (Galictis vittata), o veado-mateiro (Mazama americana) e o cachorro-do-mato (Cerdocyon thous), podem ser encontrados nas bordas de mata.

Fonte: Plano de Manejo do PNSB.


 Aves

Águia-cinzenta - foto: Luiz Carlos Ribenboim O PNSB possui um gradiente altitudinal que propicia a presença de diferentes tipos de ambientes com uma avifauna característica. Assim, algumas espécies são específicas de florestas montanas, outras de florestas submontanas, outras de campos de altitude, e assim por diante.

Cerca de 300 espécies de aves foram registradas oficialmente no Parque. Em torno de 45% são apontadas como espécies endêmicas do Domínio Atlântico, podendo-se destacar: macuco (Tinamus solitarius), jacutinga (Aburria jacutinga), pararu ou pomba-espelho (Claravis godefrida),apuim-de-cauda-vermelha (Touit melanonota), sabiá-cica (Triclaria malachitacea), bacurau-tesoura-grande (Hydropsalis forcipata), pica-pau-rei (Campephilus robustus), choquinha-pequena (Myrmotherula minor), pinto-do-mato (Hylopezus nattereri), arapaçu-de-garganta-branca (Xiphocolaptes albicollis), não-pode-parar (Phylloscartes paulista), maria-leque-do-sudeste (Onychorhynchus c. swainsoni), saudade (Tijuca atra), corocochó (Carpornis cucullata) e caneleirinho-de-chapeú-preto (Piprites pileata). Dentre as espécies ameaçadas de extinção, destacam-se a jacutinga, o urubu-rei (Sarcoramphus papa) e a águia-cinzenta (Urubitinga coronata).

Fonte: Plano de Manejo do PNSB.
Urubu-rei - foto: Marcelo Guena

 

RÉPTEIS E Anfíbios 

O PNSB também é uma região de grande importância para a fauna de anfíbios, sendo a região da Serra da Bocaina localidade-tipo (local onde a espécie foi encontrada pela primeira vez) de várias espécies. Aqui existem espécies que não ocorrem em nenhum outro local. Por essa razão, esse é um dos grupos mais pesquisados na Bocaina. Os répteis, por outro lado, foram pouco estudados na região do Parque. Perereca Bokermannohyla ahenea, endêmica da Bocaina - foto: Diogo Provete



Peixes

A ictiofauna das bacias existentes no interior do PNSB apresenta, de um modo geral, uma baixa riqueza de espécies. Porém, observa-se elevado endemismo, isto é, muitas das espécies observadas são exclusivas de uma ou mais dessas bacias, não ocorrendo em nenhum outro lugar.

Atualmente alguns rios do PNSB são habitados por espécies exóticas invasoras. É o caso dos afluentes dos rios Mambucaba e Bracuí, ocupados pela truta arco-íris (Oncorhynchus mykiss) desde a década de 1940, quando inciciou-se a criação desta espécie com fins comerciais no entorno do Parque.


Invertebrados

A região da Bocaina foi, no início do século XX, um importante local de coleta do famoso pesquisador Adolfo Lutz, o qual tinha interesse particularmente em dípteros simuliídeos (grupo dos mosquitos conhecidos como borrachudos).

Nos tempos atuais, vários projetos de pesquisa com invertebrados vêm sendo realizados na região do Parque. Novas espécies têm sido descobertas e sabe-se que há muitas outras por se descobrir. Não existem, porém, compilações abrangentes sobre as espécies existentes nos diversos grupos, com exceção para alguns grupos de insetos aquáticos.

Dentre as espécies de invertebrados ameaçadas de extinção, destaca-se duas espécies de borboletas: Euselasia eberti, conhecida apenas de duas localidades em florestas de altitude da mata atlântica;  e Voltinia sanarita, habitante de campos de altitude.
Voltinia sanarita - borboleta ameaçada de extinção
Euselabia eberti, borboleta ameaçada de extinção



Vegetação e Flora

Floresta alto-montana com araucárias - foto: Juliana Gonçalves No interior do Parque Nacional da Serra da Bocaina ocorrem florestas desde o nível do mar até mais de a 2.000 m de altitude, sob diferentes combinações de substratos. Esta diversidade proporciona a existência de grande variedade de tipos vegetacionais, de florestas densas a campos de altitude, o que proporciona nichos especiais, refúgios, endemismos e grande biodiversidade.


O PNSB possui três tipos de formações vegetacionais: a Floresta Ombrófila Densa (Submontana, Montana e Alto Montana), expressão dominante na região, a Floresta Ombrófila Mista Alto Montana, com a presença de pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifólia) e o pinheirinho-bravo (Podocarpus lambertii), e os Campos de Altitude.


Uma das espécies presentes na Floresta Ombrófila Densa é o palmito (Euterpe edulis), anteriormente freqüente, mas hoje considerado uma espécie rara e ameaçada de extinção devido ao extrativismo ilegal. Na Floresta Ombrófila Densa Submontana destaca-se o xaxim, (Dicksonia sellowiana), também raro e ameaçado de extinção devido ao extrativismo ilegal para confecção de vasos para plantas.

O PNSB destaca-se pelo endemismo de suas espécies, sendo as mais representativas as floras das famílias Araceae , Bromeliaceae, Cactaceae, Gesnericaeae, Orchidaceae, além das pteridófitas.Floresta submontana com bromelias epífitas - foto: Marcelo Guena

 

 

Geologia

A maior parte da área do PNSB apresenta topografia bastante movimentada, uma vez que aproximadamente 86% dela encontra-se em declividades acima de 20%. Os locais com declividade superior a 46% encontram-se, principalmente, nas escarpas da Serra do Mar, no curso superior do rio Mambucaba e seus contribuintes, no curso superior do rio Paraitinga, próximo às suas nascentes e ao norte, em direção a São José do Barreiro e Areias.

As áreas planas e suavemente onduladas perfazem um total de 3,62% da área, e encontram-se principalmente nas planícies costeiras e nas porções norte e oeste do PNSB, em alguns fundos de vale.

O Planalto da Bocaina, com altitudes de 1.100 a 2.000m, faz parte do Planalto Atlântico. É constituído por duas subzonas: a Serrania da Bocaina e os Planaltos Isolados, estando elevado em até 900 m com relação aos planaltos do Médio Vale do Paraíba e Paraitinga, que o circundam a norte e a oeste respectivamente. Ao sul é limitado pela Província Costeira, que é constituída, na região, pela Serra do Mar e pela Baixada Litorânea.

Escarpas da Serra do Mar na região de Paraty - foto: Adriana Mattoso

Hidrografia

O Parque Nacional da Serra da Bocaina situa-se numa região da Serra do Mar que constitui um grande divisor de águas entre o vale do rio Paraíba do Sul, o litoral norte paulista e a Baía da Ilha Grande, no litoral sul fluminense. Grande parte dos cursos d'água que atravessam o Parque forma bacias hidrográficas que fluem diretamente para o litoral do Rio de Janeiro. Dentre elas, destacam-se as bacias do rio Mambucaba e do rio Bracuí.

Um dos vários rios que cortam o PNSB em direção à baía da ilha Grande - foto: Marcelo GuenaA bacia hidrográfica mais importante para o PNSB é a do rio Mambucaba, pelo fato de cortar o Parque de norte a sul, com tributários que nascem no seu interior e outros com nascentes em seu entorno imediato.

As bacias hidrográficas cujas nascentes encontram-se dentro dos limites do PNSB, como os rios Perequê-Açu, Ariró, Barra Grande, Graúna e Parati Mirim, são de extrema importância para a garantia da disponibilidade de água superficial para toda a Zona de Amortecimento do Parque abrangida pela região litorânea.

O PNSB desempenha, portanto, um papel vital como área de conservação e proteção dos recursos hídricos superficiais, pois correspondem aos mananciais de abastecimento das áreas urbanas situadas fora de seus limites, como Angra dos Reis e Paraty.

Além disso, toda essa região funciona como um importante reservatório de água no solo, estocagem proporcionada pelo alto índice de precipitação total anual, pelo relevo e pela ocorrência de cobertura vegetal.





Atributos Naturais

A região do Parque Nacional da Serra da Bocaina é caracterizada por um grande gradiente altitudinal, abrangendo desde áreas situadas no nível do mar (região de Trindade, Paraty), até a parte serrana, com altitudes superiores a 2.000 metros em São José do Barreiro.

Esse gradiente de altitude, determinado por aspectos geomorfológicos, afeta diretamente os atributos físicos (clima, hidrografia) e bióticos (vegetação, flora e fauna) da região, gerando paisagens e ecossitemas diversos.

Vista do litoral a partir da Pedra da Macela, a quase 1.800m de altitude - foto: Thiago Strauss

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