Muriqui na Bocaina não é lenda

27/11/2014, por Mara Pais

Muriqui - foto de Felipe BrandãoUm bando de 15 muriquis foi recentemente avistado, fotografado e filmado no interior do Parque Nacional da Serra da Bocaina (PNSB).

O achado é mérito de um grupo de observadores da natureza chamado provisoriamente de "Pró-Primatas", que vem realizando expedições no Parque Nacional da Serra da Bocaina e entorno com o objetivo de registrar a ocorrência de muriquis e outros primatas.

Os integrantes são Felipe Brandão, fotógrafo amador e guarda-parque da Reserva Ecológica da Juatinga; Luan Silva, educador; e João Reis, morador da região. O grupo vem pesquisando informalmente os primatas há um bom tempo, através da leitura de dissertações e artigos e de conversas com as comunidades do entorno e interior do PNSB e da Reserva Ecológica Estadual da Juatinga. "Esse foi o primeiro bando de muriquis que encontramos, mas temos notícias de vários outros. Já avistamos bandos de pregos, saguis e bugios também na área do Parque Nacional", diz Felipe, bastante animado com o achado.

O desafio da equipe agora é conseguir angariar recursos e equipamentos para prosseguir com os registros. O trabalho vem sendo acompanhado informalmente por Paula Breves, da Ecoatlântica, que coordena um projeto de levantamento dos muriquis no estado do Rio de Janeiro.

Sobre o muriqui

Existem duas espécies conhecidas como muriquis: o muriqui-do-sul, pertencente à espécie Brachyteles arachnoides; e o muriqui-do-norte, pertencente à espécie Brachyteles hypoxanthus. Atualmente o muriqui-do-sul tem sua distribuição restrita a fragmentos florestais dos estados do Rio de Janeiro, São Paulo e Paraná, ao passo que o muriqui do norte ocorre no Espírito Santo e Minas Gerais.

Ambos os muriquis acham-se incluídos na Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da IUCN (2008) e na Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (IBAMA, 2008) na categoria de espécies ameaçadas, além de figurarem no Anexo I do Convention on International Trade in Endangered Species of Wild Fauna and Flora (CITES 2008). Estas ameaças devem-se principalmente à caça ilegal e à fragmentação de seu habitat.

Com o objetivo aumentar o conhecimento e a proteção das populações de muriquis, o ICMBio coordenou, em 2010, a elaboração do "Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Muriquis (Brachyteles hypoxanthus e Brachyteles arachnoides)". Com a execução desse plano, pretende-se  reduzir a categoria de ameaça de extinção dos muriquis num prazo de 10 anos.