Serra dos Órgãos amplia monitoramento da qualidade do ar

A estação, que deve ficar instalada na Unidade de Conservação (UC) por um ano, monitora continuamente todos os poluentes legislados – dióxido de enxofre (SO²), monóxido de carbono (CO), monóxido de nitrogênio (NO), ozônio (O³), hidrocarbonetos e material particulado –, além de parâmetros meteorológicos, como temperatura, umidade e pluviosidade.

A instalação da estação no Parque Nacional atende a uma moção elaborada pelos pesquisadores que atuam na UC e ratificada pelos conselhos do Parque e do Mosaico da Mata Atlântica Central, preocupados com os potenciais impactos ambientais oriundos do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) sobre a região, como chuva ácida e danos ao aparelho fotossintético da vegetação. A moção foi encaminhada ao Inea, órgão licenciador do empreendimento, bem como às comissões de Meio Ambiente da Câmara dos Deputados, do Senado e da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro e ao Ministério de Meio Ambiente. Os pesquisadores chamavam atenção para a necessidade de monitorar a qualidade do ar antes do início da operação do complexo petroquímico.

Marcia Monaco

Serra dos Órgãos amplia monitoramento da qualidade do ar Estação móvel de qualidade do ar deverá permanecer por um ano no Parque Nacional

O professor Rodrigo Meire, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que há anos pesquisa a deposição de poluentes em Parques Nacionais, explica que "além dos poluentes atmosféricos tradicionais, nossas pesquisas indicam um acúmulo elevado de poluentes sintéticos persistentes, produzidos pelo homem, no topo das montanhas. Na Serra dos Órgãos, obtivemos concentrações particularmente altas, que podem estar relacionadas ao alto índice pluviométrico local, ao regime de ventos e à localização do Parque, inserido numa matriz urbana, industrial e agrícola, cada qual produzindo seus poluentes."

Para a analista ambiental Cecilia Cronemberger, responsável pelo Setor de Pesquisa do Parque, "a instalação da estação móvel do Inea é uma conquistaimportante porque, além de gerar dados úteis para o monitoramento ambiental e para pesquisas científicas, é resultado da mobilização da comunidade acadêmica e da sociedade civil por meio dos conselhos do Parque e do mosaico".

No entanto, segundo Cecilia, "como a estação monitora apenas alguns poluentes, para os quais a legislação estabelece limites, e como os poluentes têm origens diversas, é preciso estimular pesquisas mais específicas para entender os efeitos da poluição sobre a biota e a provável origem dos mesmos". Nesse sentido, outras iniciativas monitoram diferentes poluentes na área do Parque Nacional, como os projetos do Laboratório de Radioisótopos, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e do Departamento de Geoquímica, da Universidade Federal Fluminense, além do programa de qualidade ambiental da BR-116, que corta o Parque, operado pela Concessionária RioTeresópolis.

Os dados gerados pela estação móvel do Inea serão compartilhados com o Grupo de Trabalho sobre poluição atmosférica, composto por pesquisadores e gestores do Parque Nacional e de outras UCs do Mosaico. Eles também serão usados para gerar um índice diário de qualidade do ar, que pode ser consultado em http://bit.ly/1KkqDsX.