Répteis - Liolaemus arambarensis
AVALIAÇÃO DO RISCO DE EXTINÇÃO DE Liolaemus arambarensis Verrastro, Veronese, Bujes & Martins Dias Filho, 2003, NO BRASIL
Guarino Rinaldi Colli1, Jéssica Fenker Antunes 2, Leonardo Gonçalves Tedeschi1, Yeda Soares de Lucena Bataus3, Vívian Mara Uhlig3, Adriano Lima Silveira4, Cristiano de Campos Nogueira5, Diva Maria Borges-Nojosa6, Gabriel Corrêa Costa7, Geraldo Jorge Barbosa de Moura8, Gisele Regina Winck9, Juliana Rodrigues dos Santos Silva10, Laura Verrastro Vinas11, Marco Antônio Ribeiro Júnior12, Marinus Steven Hoogmoed12, Moacir Santos Tinoco13, Patrícia Almeida dos Santos9, Rafael Martins Valadão3, Roberto Baptista de Oliveira14, Teresa Cristina Sauer de Avila Pires12, Vanda Lúcia Ferreira15 e Vanderlaine Amaral de Menezes9. 1. Universidade de Brasília - UnB 2. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - Bolsista/RAN/ICMBio 3. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - RAN/ICMBio 4. Museu Nacional – MN/UFRJ 5. Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo - MZUSP 6. Universidade Federal do Ceará - UFC 7. Universidade Federal do Rio Grande do Norte- UFRN 8. Universidade Federal Rural de Pernambuco-UFRPE 9. Universidade do Estado do Rio de Janeiro - UERJ 10. Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios - FEMPTEC/RAN/ICMBio 11. Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS 12. Museu Paraense Emílio Goeldi - MPEG 13. Universidade Catolica do Salvador - UCSAL 14. Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul - PUCRS 15. Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS |
Colli, G. R.; Fenker, J. A.;Tedeschi, L. G;Bataus, Y. S. L; Uhlig, V. M.;Lima, A. S.;Nogueira, C. C.; Borges-Nojosa, D. M.;Costa, G. C.;Moura, G. J. B.;Winck, G. R.;Silva, J. R. S.;Vinas, L. V.;Ribeiro Júnior, M. A.; Hoogmoed, M. S; Tinoco, M.S.;Santos, P. A.;Valadão, R. M.;Oliveira, R. B.; Avila-Pires, T. C. S.;Ferreira, V. L. & Menezes, V. A.. 2016. Avaliação do Risco de Extinção de Liolaemus arambarensis Verrastro, Veronese, Bujes & Martins Dias Filho, 2003, no Brasil. Processo de avaliação do risco de extinção da fauna brasileira. ICMBio. http://www.icmbio.gov.br/portal/faunabrasileira/carga-estado-de-conservacao/8168-repteis-liolaemus-arambarensis |
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Liolaemus arambarensis Foto: Gisele Winck |
Elaboração: Leonardo Tedeschi (UnB) e Uhlig, M.V. (NGeo/RAN/ICMBio), 2013 |
Ordem: Squamata Família: Liolaemidae. Nomes comuns: Lagartixa-das-dunas. Sinonímias: Não há. Notas taxonômicas: Espécie descrita recentemente (Verrastro et al., 2003), mas que era conhecida para o Rio Grande do Sul erroneamente (Peters & Donoso-Barros, 1970; Lema, 1994), sob o nome Liolaemus wiegmannii, espécie restrita ao Uruguai e Argentina. Justificativa: Liolaemus arambarensis é endêmica do Brasil, ocorrendo apenas no estado do Rio Grande do Sul, região sul do país. Possui distribuição muito restrita, com extensão de ocorrência de 585,8 km2 (B1), limitada as restingas da margem da Lagoa dos Patos (laguna), nos municípios entre Viamão (Praia de Fora) e São Lourenço. As subpopulações encontram-se fragmentadas e isoladas geográfica e geneticamente pela alteração do habitat, devido à urbanização e conversão de áreas de restinga (área de ocupação) por monoculturas de árvores exóticas (Eucalyptus e Pinus), causando também declínio da qualidade do hábitat [ab(ii,iii)]. A espécie é sensível às modificações do hábitat e desaparece nas áreas que apresentam algum tipo de alteração. Por isso, Liolaemus arambarensis foi categorizada como Em perigo (EN) pelo critério B1ab(ii,iii). Internacional: Na Lista Vermelha da União Internacional para Conservação da Natureza (UICN) a espécie foi avaliada como Em perigo (EN)B1ab(iii) (Espinoza, 2010). Estaduais: Não há. |
Liolaemus arambarensis é endêmica do Brasil, é o único réptil endêmico do estado do Rio Grande do Sul, região sul do país. Ocorre nas áreas de restinga, às margens da Lagoa dos Patos (que é na verdade uma laguna, pois tem comunicação com o mar), nos municípios de Viamão (praia de Itapuã), Barra do Ribeiro, Tapes, Arambaré e São Lourenço do Sul (Relatórios de atividades do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBio, 2013; Filho & Verrastro, 2012; Verrastro et al., 2003). A extensão de ocorrência é de 585,8 km2, calculada via mínimo polígono convexo formado a partir dos pontos de registro. |
Estudos de campo relatam que a espécie encontra-se cada vez mais fragmentada pela destruição do hábitat. As restingas vêm sofrendo forte descaracterização pela urbanização e implantação de monoculturas de árvores exóticas (Eucaliptus e Pinus), na margem da Lagoa dos Patos. Dados genéticos indicam que as subpopulações apresentam baixa diversidade genética, sendo a subpopulação de Barra do Ribeiro a mais saudável (Silva, 2013). Sua tendência populacional é decrescente, onde observações diretas de campo demostram que o encontro da espécie é cada vez menos frequente em consequência da perda de hábitat. A espécie é sensível às modificações do hábitat e desaparece nas áreas que apresentam algum tipo de alteração |
Ocorre em associação a vegetação herbácea e arbustivo/arbórea, típicas das regiões de restinga. Apresenta distribuição geográfica muito restrita, sendo o único lagarto endêmico do Rio Grande do Sul. A distribuição desta espécie está restrita às restingas sobre depósitos arenosos holocênicos a noroeste da Lagoa dos Patos, de Arambaré, ao sul, até Barra do Ribeiro, ao norte, além de Viamão (Itapuã), que fica a leste da desembocadura do lago Guaíba. Atinge cerca de 60 mm de comprimento rostro-cloacal. Os machos atingem tamanhos um pouco superiores aos das fêmeas. A cauda curta pode ser facilmente partida. A coloração dorsal é clara, acinzentada, com um padrão de estrias e manchas alaranjadas e marrons. Lados do tronco com coloração alaranjada e manchas claras, acinzentadas ou azuladas. Ventralmente é branco imaculado. O padrão de coloração dorsal garante uma camuflagem eficiente, sendo muito semelhante ao padrão de colorido dos substratos arenosos onde vive (Verrastro, 2001; Verrastro et al., 2003). É terrícola e enterra-se com facilidade, mergulhando rapidamente na areia, utilizando as patas e a cabeça. L. arambarensis não escava tocas (Verrastro, 2001; Verrastro et al., 2003). É diurna, observada na região de estudo desde a manhã até o final da tarde. É ovípara, apresentando reprodução sazonal, com as desovas (dois ovos em média) ocorrendo possivelmente em dezembro e janeiro e os nascimentos em fevereiro e março. A espécie apresenta modo de forrageio do tipo “senta-espera”. A dieta apresenta variação ontogenética, com jovens predando apenas pequenos artrópodos, enquanto adultos também ingerem partes vegetais, como flores e folhas. Entre os artrópodos, preda principalmente formigas, aranhas e coleópteros (Verrastro, 2001; Verrastro et al., 2003). |
Nas últimas décadas, os ecossistemas de dunas e restingas na zona de praias da Lagoa dos Patos vêm sofrendo alterações resultantes de ações antrópicas. Entre os grandes impactos sobre estas formações destacam-se o aumento indiscriminado dos loteamentos em balneários e o aumentado das monoculturas de árvores exóticas (pinus e eucaliptos), consequência da implantação e aumento das indústrias de celulose na região. |
A espécie ocorre na área de abrangência do Plano de Ação Nacional para a Conservação dos Anfíbios e Répteis Ameaçados da Região Sul do Brasil (Brasil 2012). |
Parque Estadual de Itapuã. |
Criar Unidade de Conservação de proteção integral na região de restingas da Lagoa dos Patos, monitoramento das subpopulações da espécie, educação ambiental e zoneamento para desenvolvimento da silvicultura. |
BRASIL. Portaria nº 25, de 17 de fevereiro de 2012. Diário Oficial da União. Edição nº 36, Seção 1, 22 de fevereiro de 2012. ESPINOZA, R. 2010. Liolaemus arambarensis. The IUCN Red List of Threatened Species. Version 2014.3. <www.iucnredlist.org>. Downloaded on 27 October 2010. FILHO, G. A. D. S.; VERRASTRO, L. Reptiles of the Parque Estadual de Itapuã, state of Rio Grande do Sul, southern Brazil. Check List, v. 8, n. 5, p. 847-851, 2012. Instituto Chico Mendes de Biodiversidade. Relatórios de atividades do Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade – SISBio, disponibilizado pelo Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Répteis e Anfíbios (RAN), 2013. LEMA, T. D. Lista Comentada dos Répteis Ocorrentes no Rio Grande do Sul, Brasil. Comunicações do Museu de Ciência e Tecnologia da PUCRS, Série Zoologia, v. 7, p. 41 - 150, 1994. PETERS, J. A.; DONOSO-BARROS, R. Catalogue of the Neotropical Squamata: Part II- Lizards and Amphisbaenians. Washington, Smithsonian Inst. Press. 293 pp, 1970. VERRASTRO, L.; VERONESE, L.; BUJES, C., DIAS-FILHO, M. M. A new species of Liolaemus from southern Brazil (Iguania: Tropiduridae). Journal Information, v. 59, n. 1, 2003. VERRASTRO, L. Descrição, estratégia reprodutiva e alimentar de uma nova espécie do gênero Liolaemus no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. (Iguania: Tropiduridae). Unpubl. Ph.D. Thesis, Univ. Federal de São Carlos, São Paulo, Brasil. 315p, 2001. SILVA, C. M. Filogeografia de três espécies de Liolaemus do grupo boulengeri, subgrupo “wiegmannii”: L. occipitalis, L. arambarensis e L. wiegmannii. Tese de Doutorado, Programa de Pós-Graduação em Biologia Animal, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre. 147p, 2013. |
I Oficina de Avaliação do Estado de Conservação dos Lagartos no Brasil Local e Data da Avaliação: Iperó - SP, no período de 7 a 11 de outubro de 2013. Facilitador(es): Marina Palhares de Almeida (COABIO/ICMBio) e Yeda Soares de Lucena Bataus (RAN/ICMBio) Avaliadores: Adriano Lima Silveira (MN/UFRJ), Cristiano de Campos Nogueira (MZUSP), Diva Maria Borges-Nojosa (UFC), Gabriel Corrêa Costa (UFRGN), Geraldo Jorge Barbosa de Moura (UFRPE), Gisele Regina Winck (UERJ), Guarino Rinaldi Colli (UnB), Juliana Rodrigues dos Santos Silva (FEMPTEC/RAN/ICMBio), Laura Verrastro Vinas (UFRGS), Marco Antônio Ribeiro Júnior (MPEG), Marinus Steven Hoogmoed (MPEG), Moacir Santos Tinoco (UCSAL), Patrícia Almeida dos Santos (UERJ), Rafael Martins Valadão (RAN/ICMBio), Roberto Baptista de Oliveira (PUCRS), Teresa Cristina Sauer de Avila Pires (MPEG), Vanda Lúcia Ferreira (UFMS), Vanderlaine Amaral de Menezes (UERJ). Colaborador(es): Coleção Herpetológica da Universidade de Brasília (CHUNB) e Sistema de Autorização e Informação em Biodiversidade (SISBIO/ICMBio). Apoio: Jéssica Fenker Antunes (Bolsista/RAN/ICMBio), Leonardo Gonçalves Tedeschi (UnB), Nadya Lima (Bolsista/RAN/ICMBio), Rafael Martins Valadão (RAN/ICMBio), Guarino Rinaldi Colli (UnB), Yeda Soares de Lucena Bataus (RAN/ICMBio), Juliana Rodrigues dos Santos Silva (FEMPTEC/RAN/ICMBio) e Vera Lúcia Ferreira Luz (RAN/ICMBio). |
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