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AMAZÔNIA
A Amazônia maranhense é uma das regiões mais ameaçadas do bioma amazônico, sofrendo com a exploração madeireira, expansão de pastagens, queimadas, e ocupação humana legal e ilegal. Suas florestas remanescentes, protegidas pela Reserva Biológica do Gurupi e Terras Indígenas, ainda abrigam uma importante subpopulação de onças-pintadas, sendo identificada no Plano de Ação Nacional para Conservação da Onça-pintada como uma das áreas prioritárias para a conservação da espécie, na categoria "ação urgente". Apesar disto, a densidade e status populacional da espécie na região ainda são desconhecidos. Diante disto, este estudo pretende (i) avaliar o estado de conservação da onça-pintada na REBIO do Gurupi por meio de amostragem com armadilhas fotográficas e análise de dados pelo método de "captura e recaptura" fotográfica, (ii) identificar fatores ambientais e antrópicos que afetam a utilização do espaço pelas onças-pintadas e suas presas na região. Os resultados obtidos subsidiarão a gestão da REBIO do Gurupi e eventuais intervenções para a conservação da espécie na região.
Humanos e mamíferos carnívoros, como onças-pintadas (Panthera onca) e pumas (Puma concolor), sempre coexistiram em um equilíbrio delicado. Por um lado, os carnívoros atacam criações de animais domésticos, competem por presas silvestres, e são percebidos como fonte de risco à vida humana. Por outro, sofrem com a perda de habitat, diminuição de sua base de presas e com a perseguição direta. O desafio da coexistência se torna particularmente evidente nas unidades de conservação de uso sustentável, como Reservas Extrativistas (RESEX) e Reservas de Desenvolvimento Sustentável (RDS). Estas áreas protegidas têm o objetivo explícito de conciliar o uso dos recursos naturais e a permanência de populações tradicionais, com a conservação da biodiversidade, o que necessariamente inclui várias espécies de mamíferos carnívoros. Esse não é um objetivo fácil de ser alcançado e conflitos são freqüentes. Neste contexto, as unidades de conservação de uso sustentável representam tanto um desafio como uma oportunidade, podendo servir de laboratório para estudos sobre a convivência entre gente e onças. Diante disto, este projeto tem como objetivo investigar este relacionamento em unidades de conservação de uso sustentável na Amazônia, avaliando suas dimensões humanas e como elas afetam as perspectivas de coexistência entre as partes envolvidas.
A Reserva Biológica do Jaru atua como barreira ao avanço do desmatamento, sendo uma das estratégias eficientes para as metas de Governo no Plano de Ação para a Prevenção e Controle do Desmatamento na Amazônia Legal. O estudo de mamíferos na região é particularmente importante uma vez que muitas espécies são consideradas bioindicadores, evidenciando a situação do ecossistema em que vivem. Além disso, a ariranha (Pteronura brasiliensis) é considerada como uma espécie "Guarda-chuva", assim esforços para conservar áreas adequadas para manter uma população viável também são importantes para preservar outras comunidades de espécies. No entanto, a ariranha está nas listas nacionais e internacionais (UICN) de espécies ameaçadas de extinção. O Plano de Ação Nacional da ariranha foi projetado em 2010, incluindo também a lontra neotropical (Lontra longicaudis), com o objetivo geral de conservação das populações da lontra brasileira em suas áreas de distribuição e iniciar a recuperação da ariranha em sua área original de distribuição nos próximos cinco anos. Uma questão importante no desenvolvimento de estratégias de conservação para espécies ameaçadas de extinção é estabelecer o nível mínimo de informações necessárias para definir medidas de conservação. No Plano de Ação Nacional, uma das lacunas de conhecimento está relacionada com estudos populacionais das espécies sendo necessário esforços redobrados para esses estudos em diferentes regiões do Brasil.
MATA ATLÂNTICA
O Projeto "Cães domésticos no interior e entorno de uma UC: quais os impactos sobre os carnívoros selvagens?" faz parte do Programa Cãoservação, que visa um meio ambiente melhor para carnívoros selvagens, domésticos e consequentemente o homem.
Trata-se de um projeto em uma unidade de conservação (UC) no estado de São Paulo, que abriga um importante remanescente de Mata Atlântica, que vem sendo cada vez mais afetada pelo uso desordenado do solo, em especial pelo crescimento dos bairros do entorno, com consequente aumento da população de animais domésticos que transitam livremente nas margens e interior do Parque.
O problema de superpopulação de cães domésticos é compartilhado por inúmeras UC's atualmente, e acaba determinando um íntimo contato entre carnívoros domésticos e selvagens. O projeto visa caracterizar e quantificar o fluxo de entrada e a área de uso de cães domésticos no interior do Parque Estadual de Carlos Botelho (PECB), identificando os impactos sobre os carnívoros selvagens, em especial o fluxo de agentes etiológicos.
Ainda pretende-se articular a realização de intervenções na população de cães do local, tais como campanhas de castração e vacinação, e medir os resultados sob a densidade da população canina errante na área e a melhora do estado sanitário dos carnívoros selvagens após dois anos do inicio do projeto.
Os resultados obtidos subsidiarão a construção de um modelo de gestão sanitária para o entorno do Parque, que possa ser adotado pela prefeitura local, visando a implementação de políticas públicas permanentes que contemplem ações que minimizem a entrada e o contato entre carnívoros domésticos e selvagens, e consequentemente a sobrevida a longo prazo das espécies locais. Tal proposta deve servir como modelo para outras unidades que vêm enfrentando a mesma problemática.
O Projeto Carnívoros do Iguaçu se dedica ao estudo e conservação da onça-pintada (Panthera onca) na região de influência do Parque Nacional do Iguaçu, que abriga a maior população meridional da espécie no Brasil. Entre os objetivos do projeto, executado pelo Parque Nacional do Iguaçu e os parceiros CENAP, Instituto Pró-Carnívoros e Belmond Hotel das Cataratas, estão: estimar a população de onças-pintadas na região, identificar e quantificar as ameaças diretas e indiretas sobre as onças e as suas presas naturais, e avaliar os impactos das onças sobre a criação de animais domésticos e outros conflitos com os comunitários da região. O projeto Carnívoros do Iguaçu trabalha conjuntamente com o Proyecto Yaguareté, da Argentina que possui objetivos semelhantes. Juntos, ambos os países reúnem esforços para compreender e atuar na conservação da população relictual de onças separadas unicamente pelo Rio Iguaçu. Outro objetivo deste projeto é colaborar com a gestão e ações de manejo do Parque Nacional do Iguaçu, aproveitando o potencial da onça-pintada como espécie fundamental no ecossistema.
Saiba mais em: http://www.carnivorosdoiguacu.org/
Imagens: Rafael Rodrigues Machado / Acervo Projeto Carnívoros do Iguaçu / Marcos Sá Correa
A plasticidade ecológica e comportamental das onças pardas, Puma concolor, bem como a crescente fragmentação e redução dos habitats naturais desta espécie, têm levado a um aumento dos casos de encontro entre estas onças e as populações humanas, com consequências graves tanto para a conservação da espécie, como a escalada de atropelamentos, como para a possibilidade de conflitos quando onças são encontradas e, muitas vezes, acidentalmente encurraladas em áreas suburbanas e urbanas. Este aumento de encontros pode gerar uma falsa impressão de abundância crescente da espécie, mas o que pode estar acontecendo é que os animais não conseguem mais escapar da exposição a atividades humanas, com consequências para sua movimentação, alimentação e capacidade reprodutiva. Neste contexto, é de crucial importância entender a ecologia das onças pardas em regiões metropolitanas e em áreas menos permeadas pela influência humana. Desta forma, o objetivo deste projeto é estudar a ecologia de populações de onças-pardas localizadas em fragmentos dos biomas Mata Atlântica e Cerrado. Atualmente o projeto abrange duas regiões de estudo, o Parque Nacional da Serra de Itajaí (PNSI) – maior remanescente de Mata Atlântica do estado de Santa Catarina – e os fragmentos de Mata Atlântica e Cerrado da Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) – localizados no entorno da região com maior densidade demográfica do Brasil. Em ambas as áreas pretende-se acompanhar a movimentação de indivíduos de onça-parda através de colares GPS-satélite, para que sejam avaliadas as áreas utilizadas como corredores entre fragmentos de floresta e de Cerrado, além de descrever seus padrões de movimentação, avaliar o uso de hábitats pelas populações estudadas, descrever e comparar a dieta da espécie nas duas regiões.
Imagens: Julio Cesar de Souza Jr. / Lilian Bonjorne de Almeida / Beatriz Beisiegel
O sul do estado de São Paulo e o norte do Paraná abrigam a última grande população de onças-pintadas (Panthera onca) da Mata Atlântica, além de importante população de onças-pardas (Puma concolor), mas dados concretos sobre estas espécies na região são ainda escassos, impossibilitando a tomada de decisões conservacionistas bem fundamentadas. Este projeto visa a compreender a distribuição das populações das duas espécies de onça nas unidades de conservação (UCs) estaduais da região do Vale do Ribeira e do Alto Paranapanema, em SP, e em algumas áreas particulares do seu entorno imediato; identificar as áreas fundamentais para a criação de corredores entre as UCs; estudar o uso da área pelas onças, sua dieta e interação com a população humana do entorno; e elaborar, em conjunto com órgãos estaduais e municipais, medidas visando à conservação das duas espécies. As densidades populacionais das duas espécies serão estimadas pelo modelo captura-marcação-recaptura, utilizando-se armadilhas fotográficas. A dieta será estudada através da identificação dos restos de presas nas amostras fecais. Os locais de conflito entre populações humanas e onças serão identificados através de entrevistas. Onças das duas espécies serão capturadas e equipadas com transmissores a fim de obter dados sobre suas áreas de uso e padrões de atividades. As fisionomias vegetais das áreas usadas por onças serão identificadas por interpretação de fotografias aéreas e por trabalhos de campo.
Na Mata Atlântica, poucas são as áreas que ainda contêm comunidades íntegras de grandes vertebrados, capazes de sustentar grandes frugívoros e predadores de topo. Uma destas é o contínuo de Paranapiacaba, no sul do estado de São Paulo, que inclui os Parques Estaduais Carlos Botelho, Intervales, Turístico do Alto Ribeira e Nascentes do Paranapanema, a Estação Ecológica de Xitué e grandes áreas particulares adjacentes a estas unidades de conservação, somando mais de 2.000 km2 de mata contínua. A maioria dos estudos sobre a mastofauna deste contínuo foram realizados na região da sede do PECB, localizada no Planalto da Guapiara, em área relativamente protegida de atividades ilegais como caça e extração de palmito jussara (Euterpe edulis), sendo que uma porção importante do PECB e do remanescente de Paranapiacaba localizam-se na escarpa da serra e em altitudes menores, na região do Vale do Ribeira, em áreas de Floresta Ombrófila Submontana densa e aberta, e a maior parte da área deste remanescente é pesadamente afetada pela extração de palmito jussara e pela caça. Desta forma, no mínimo duas variáveis que potencialmente afetam a composição e dinâmica da fauna – extrativismo e vegetação – não são contempladas por esses estudos. Tal lacuna pode resultar em sérios prejuízos para a conservação da mastofauna, uma vez que a generalização de estimativas populacionais e de riqueza de espécies obtidas em áreas com alto grau de proteção efetiva para grandes áreas adjacentes muito exploradas pode resultar em super estimativas destes dois parâmetros e em erros de avaliação quanto ao estado de conservação de cada uma das espécies e da comunidade como um todo. Estes erros de avaliação podem causar uma grave sub-estimativa da real dimensão de áreas protegidas necessárias para a efetiva conservação de espécies-chave da fauna. O objetivo deste projeto é estabelecer uma linha de base para compreender a dinâmica, a longo prazo, da comunidade de mamíferos de médio e grande portes do PECB, investigando, também, a influência de potenciais fatores de impacto sobre esta comunidade de mamíferos, especialmente extração de palmito jussara e pavimentação da SP139.
PANTANAL
O Projeto Onçafari permite que turistas tenham a oportunidade de acompanhar a rotina das onças-pintadas em seu ambiente natural ao visitar o Pantanal. Para isso, acostumar alguns animais com os veículos do Projeto é fundamental. Essa habituação consiste em fazer com que as onças enxerguem os carros como parte da paisagem, como algo que não representa perigo. Esse é um trabalho espelhado em técnicas utilizadas há mais de 30 anos com leopardos e leões na África. Ao habituarmos algumas onças-pintadas, as chances de um turista observá-las agindo naturalmente em seu ambiente, aumentam muito. Esses encontros com as onças permitem que os visitantes aprendam mais sobre elas e se preocupem com sua conservação. Nos intervalos entre os avistamentos, palestras sobre onças, o Pantanal e os outros animais que dividem com ela o mesmo bioma fazem parte do trabalho de conscientização. O turismo de avistamento de animais comprova que, até do ponto vista econômico, as onças-pintadas valem mais vivas do que mortas. Ele também faz com que proprietários de terra, comunidades e a natureza lucrem com isso.
Todo trabalho que envolve uma espécie silvestre é uma oportunidade de se conhecer um pouco mais sobre ela. As informações coletadas no Projeto são de suma importância, visto que a onça-pintada é a espécie menos estudada dentre os grandes felinos. Acompanhamos os animais por observação direta ou por câmeras sensíveis ao movimento. Seguimos seus rastros e utilizamos colares com GPS que apontam a localização dos animais. Durante as capturas, coletamos amostras biológicas (sangue, urina, pelos e etc). Essas metodologias ajudam a monitorar a saúde, compreender o comportamento e a ecologia do maior felino das Américas. As amostras biológicas são enviadas ao banco genômico do Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (CENAP/ICMBio). De lá, são encaminhadas para estudos de genética ou são estocadas para pesquisas futuras.
CAATINGA
A Caatinga é um bioma único presente em cerca de 18% do território brasileiro. Apesar de sua grande importância, o bioma vem sendo continuamente impactado pela perda de seus habitats naturais e pelo declínio das populações de animais silvestres existentes. Muitos são os fatores que vem contribuindo para este cenário negativo incluindo o contínuo crescimento e expansão espacial das populações humanas na região, além da consequente intensificação na criação de bovinos, caprinos e ovinos. A Caatinga é também a menos protegida de todos os grandes biomas brasileiros, em termos de número de unidades de conservação e da proporção da área total atualmente incluída dentro destas unidades, o que agrava ainda mais o cenário já negativo. Com o intuito de melhor conhecer a comunidade de vertebrados terrestres de médio e grande porte da caatinga, e de avaliar a efetividade das atuais unidades de conservação na conservação destas espécies, o CENAP vem conduzindo um estudo em três das maiores unidades de conservação da Caatinga, o Parque Nacional Serra da Capivara, a Reserva Biológica Raso da Catarina e a Floresta Nacional Contendas do Sincorá. Mais especificamente, o estudo busca compreender melhor os padrões de composição da comunidade de mamíferos de médio e grande porte e da ocupação, em relação a influências ambientais e antropogênicas, de quatro importantes espécies de carnívoros (onça-pintada, onça-parda, jaguatirica e cachorro-do-mato), e de duas presas comuns para carnívoros silvestres (veado-catingueiro e cutia). Os resultados obtidos até o momento, por meio de amostragens realizadas com uso de armadilhas fotográficas, indicam que a ocupação das espécies estudadas, apesar de sua grande variação, é significativamente influenciada pela proporção de áreas florestais, densidade do sub-bosque e pela elevação dos sítios amostrados. Além disso, os resultados também vem mostrando que a ocupação das espécies analisadas, com exceção das cutias e dos cachorros-do-mato, é consistentemente influenciada pelo aumento da distância do limite das reservas e por uma menor ocorrência de gado, pondo em evidência a vulnerabilidade destas espécies pela presença humana na região. O uso intenso das áreas naturais da região, incluindo aquelas contidas dentro das unidades de conservação amostradas, explicitam os desafios atuais existentes para o manejo destas reservas e a necessidade de maiores esforços para mitigar os efeitos oriundos do crescente impacto das atividades humanas na região.
CERRADO
O monitoramento é essencial para a conservação da biodiversidade. No entanto, ele pode ser custoso e de difícil implementação nas áreas protegidas dos países em desenvolvimento, que possuem poucos recursos humanos e financeiros.
Nos últimos anos, o uso de Veículos Aéreos Não-Tripulados (VANTs) tem surgido como uma alternativa de baixo custo para o monitoramento de áreas protegidas e estudos sobre a vida selvagem.
Este projeto irá avaliar a viabilidade do uso de VANTs no monitoramento de áreas protegidas e pesquisa de fauna no Cerrado e Pantanal brasileiros, por meio de um estudo piloto no Parque Nacional Grande Sertão Veredas (MG) e na Estação Ecológica de Taiamã (MT).
Os VANTs serão construídos seguindo as orientações gerais do site www.conservationdrones.org, equipando aeromodelos convencionais (modelo planador FPV Raptor) com um piloto automático (placa controladora APM 2.6) e câmeras fotográficas e de vídeo. Em cada área de estudo, serão realizadas missões de monitoramento, visando identificar e localizar evidências de ameaças como desmatamento, fogo e invasões, e missões de amostragem, visando avaliar o desempenho e viabilidade dos VANTs como plataforma para detecção de mamíferos de médio e grande porte.
Os resultados da experiência serão sistematizados e divulgados ao final do projeto, de forma a disseminar o uso das técnicas em outras áreas e contextos.
Saiba mais em: http://www.rufford.org/projects/elildo_carvalho_jr
Em janeiro de 2004 foi iniciado o projeto de pesquisa "Biologia comportamental e conservação do lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) no cerrado do estado de Minas Gerais". O projeto, popularmente chamado de "Lobos da Canastra", contemplou vários objetivos relacionados à conservação do lobo-guará na região como estimativa populacional, dispersão de jovens, saúde, genética, comportamentos, áreas de vida e dieta. Além da pesquisa com o lobo-guará, algumas atividades junto à comunidade foram realizadas ao longo destes anos. O que se buscou em todas elas foi a melhora na percepção dos moradores locais sobre a fauna e motivar a discussão dos problemas e busca por soluções pertinentes ao meio ambiente. Rapidamente, o desenvolvimento de cada objetivo em linhas de pesquisa e ações estratégicas, evoluíram para a constituição de um programa transdisciplinar, o Programa para a Conservação do Lobo-Guará. A diferente estrutura organizacional manteve o "Lobos da Canastra".
Percebeu-se claramente que havia uma relação de tensão entre a unidade de conservação e a população local, originada ao longo do processo de criação da unidade há pouco menos de 40 anos. A falta de diálogo franco sobre a questão possibilitou a manutenção, e um possível aumento, do mal-estar entre comunidade e o órgão competente da época. Em consequência disto a natureza local é pouco difundida e pouco conhecida pela população, em particular pelas crianças, o que refletia numa baixa valorização da região e também uma baixa autoestima por parte dos jovens locais.
Para melhorar este cenário, com Educação Ambiental, três linhas de trabalho foram desenvolvidas: A primeira foi a interação com a comunidade buscando compreender a cultura, as relações com a natureza e com a unidade de conservação. A segunda linha de trabalho foi desenvolvida junto às escolas realizando-se oficinas para o desenvolvimento do tema transversal "Meio Ambiente". A terceira linha buscou a abertura de um canal efetivo de comunicação entre o projeto Lobo-guará e a comunidade, particularmente, com as fazendas da região. A proposta foi a de produzir vídeos de curta duração (10-20 minutos) que abordassem temas ambientais de interesse e do dia-a-dia da comunidade, e veiculá-los em um cinema aberto, nas praças e nas fazendas, popularmente chamado de Cine-Lobo. O uso do cinema itinerante como ferramenta para o trabalho educativo com comunidades rurais mostrou aspectos bastante positivos. O principal ponto forte foi o seu poder de agregar as pessoas, tendo em vista que no meio rural as pessoas dificilmente abandonam suas rotinas para atividades sociais das quais não estejam fortemente interessadas. Para acompanhar as atividades educacionais, foi desenvolvido um mascote do lobo-guará, cuja utilização se deu amplamente nas atividades.
A missão do projeto é tornar a comunidade da região da Serra da Canastra um exemplo no uso sustentável dos recursos naturais do cerrado e na convivência harmoniosa com o lobo-guará e a fauna local. Para isso, as ações do projeto buscam a redução da pressão sobre uma espécie ameaçada em uma área que está sob conflito permanente, através de propostas diretas de mediação, o aumento e disseminação do conhecimento sobre a espécie e a alteração de percepção da população local sobre o lobo.
Saiba mais em Sou Amigo do Lobo
Este projeto, iniciado em 2004, gerou as primeiras informações sobre área de vida e estimativas de densidade de cachorros-vinagres que permitiram realizar as primeiras estimativas de tamanho da população da espécie nos diferentes biomas e no território brasileiro, gerando o conhecimento necessário para realizar a avaliação do estado de conservação da espécie com mais e melhores subsídios. Também foram gerados dados inéditos sobre ameaças enfrentadas pela espécie na natureza, como a ocorrência de sarna sarcóptica e o abate por cães domésticos e pessoas, permitindo planejar ações para sua conservação. Os objetivos atuais do projeto são gerar novas informações para possibilitar refinar as estimativas populacionais para avaliar o estado de conservação da espécie e para o planejamento das ações de conservação. Para tanto, pretendemos refinar as informações sobre área de vida, uso de habitat e saúde dos grupos de cachorros-vinagres no Cerrado, realizar o monitoramento por telemetria para verificar se existe sobreposição da área utilizada por grupos adjacentes e gerar dados sobre a espécie em outro bioma, neste caso, a Mata Atlântica. Outro objetivo do nosso projeto, considerando que é o único atualmente a obter sucesso em tentativas de captura da espécie, é testar e estabelecer métodos eficientes para possibilitar capturas para a realização de estudos semelhantes em outros biomas.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
O CENAP desenvolve, em parceria com a Escola Municipal Educador Paulo Freire (escola vizinha), um trabalho de Educação Ambiental. Durante o ano diversas atividades teóricas e práticas são oferecidas às crianças. Estas atividades atendem aos estímulos visual, auditivo e cinestésico, promovendo o melhor entendimento das crianças. Cada série escolhe um tema, voltado para o Meio Ambiente, para abordar durante o ano e, junto com um equipe de Educadores Ambientais, a professora respectiva garante o conhecimento durante o desenvolvimento do trabalho. As atividades são divididas em três partes:
1- Teórica: onde os educadores transmitem as informações, conforme o tema escolhido, dentro da sala de aula. A aula se torna um bate-papo e pode ficar em sala ou se estender para o pátio da escola.
2- Campo: um lugar fora de sua "casa", ou seja, da escola, onde as crianças são convidadas a trabalhar seus sentidos e praticar aquilo que aprenderam com a equipe de educadores em sala de aula. Esta vivência é feita em uma reserva, parque, centro de pesquisa ou zoológico.
3- CENAP: para concluir o ciclo as crianças entram em contato com o ambiente de pesquisa. No CENAP, o Educador Ambiental, mostra o dia a dia e os caminhos percorridos por um pesquisador. O passeio passa pelos seguintes itens:
- Apresentação do CENAP;
- História do Programa para a Conservação do Lobo-Guará;
- Armadilha fotográfica/ Câmera trap;
- Museu de taxidermia;
- Material produzido com as pesquisas: revistas, livros, artigos científicos;
- Armadilha de areia – pegadas;
- Osteologia: crânios Vs alimentação;
- Laboratório: análise dos dados coletados no campo (microscopia, centrífuga, armazenamento de material);
- Visita aos pesquisadores.
Nas empresas, uma exposição com animais taxidermizados e equipamentos utilizados na pesquisa é montada em um local pré-estabelecido e aberta ao público. Bate papo sobre "A vida do pesquisador" também é oferecida em todos os momentos, com casos atuais de captura e acompanhamento dos carnívoros estudados pela equipe de pesquisadores.
O logotipo do EducaCENAP é um símbolo que representa a Educação Ambiental continuada. A imagem nos traz o elo do homem com a natureza e, como o CENAP é um centro de pesquisa com foco em mamíferos carnívoros terrestres, está representado por um animal de cada família:
- Canidae: Lobo-guará
- Felidae: Puma
- Procyonidae: Guaxinim
- Mephitidae: Jaritataca
- Mustelidae: Doninha
A árvore não vem completa com as folhas, pois está em desenvolvimento, assim como a criança. O Educador Ambiental não impõe o ensinamento, mas estimula a criança ao questionamento.
CONCLUÍDOS
Composição da fauna de carnívoros da área da Usina Ester e da Petrobrás, Cosmópolis, SP
Distribuição e uso de hábitat de Leopardus tigrinus nas Américas - Plano de Manejo de Leopardus tigrinus
Situação dos carnívoros no Parque Nacional da Serra da Bocaina, RJ/SP e Unidades de Conservação do entorno (SP), com ênfase na onça-pintada (Panthera onca)