Nossa História

Antecedentes Históricos

As primeiras notícias da ocupação do litoral norte paulista e sul fluminense datam do século XVI, quando Portugal resolveu colonizar suas terras para garantir a soberania da colônia portuguesa. No início foi a extração de Pau Brasil e o cultivo de cana de açúcar, mas como esta última não alcançou o peso econômico obtido nas capitanias do Norte, as atividades econômicas acabaram ficando restritas à agricultura de subsistência e ao atendimento da demanda da metrópole por produtos da terra.

No fim do século XVII surgiu o ciclo do ouro, e Paraty, porto mais próximo das Minas Gerais, passou a ser a principal entrada para a Serra da Mantiqueira, e experimentou crescimento econômico até então nunca vivido. Os portos de São Sebastião, Ubatuba, Paraty, Angra do Reis e Mambucaba passaram a escoar o ouro das Minas Gerais e apoiar atividades complementares à exploração mineral, como as agrícolas e o comércio de escravos.

No início do século XIX, com o declínio da exportação do ouro surgiu um novo ciclo: o da cana de açúcar, que se expande de Angra do Reis para Ubatuba, São Sebastião e Ilha Bela. Paraty passa a produzir aguardente de tão boa qualidade que seu nome virou sinônimo de cachaça , importante moeda de troca no comércio de escravos com a África e na troca de mercadorias com as outras províncias. Nesta época o município chegou a ter 155 engenhos de aguardente , denominados engenhocas segundo o Sr. Tico, que é referência histórica na cidade .

Já na primeira metade do século XIX o café substitui a cana de açúcar como principal produto de exportação.


A decadência

No final daquele século, com a abolição da escravatura, que parou engenhos e fazendas, Paraty e Ubatuba entram em fase de decadência. Outro fator que contribuiu para o isolamento da região foi a construção das estradas de ferro que ligaram Santos a Jundiaí (1867), promovendo o desenvolvimento do eixo Santos - São Paulo, e Rio de Janeiro a São Paulo (1877), que desviou as exportações para o porto do Rio de Janeiro, redirecionando o processo de crescimento da região.

O litoral norte de São Paulo e sul fluminense, sofreram acelerado processo de despovoamento, restando à região as atividades de subsistência, pequena produção de açúcar e aguardente, comércio local e pesca artesanal.


As estradas e o turismo

No inicio do século XX a pesca e o cultivo da banana vem impedir a completa estagnação deste litoral. O saturamento do porto de Santos em função da exportação do café, em 1925, e as excelentes condições físicas apresentadas pelo canal de São Sebastião, fizeram com que ali surgisse um novo porto, o de São Sebastião . Na década de 1940 abre-se a estrada de terra que atravessa a Serra do Mar entre São José dos Campos e Caraguatatuba, e já na década de 50 ela se estende até Ubatuba. Neste período também se torna trafegável a antiga ligação entre Cunha e Paraty.

A construção destes acessos inicia a ocupação turística da região, mas em ritmo bem menos intenso que a baixada santista ou o litoral norte fluminense. É nos anos 60, quando estas vias são asfaltadas, (com exceção da Cunha Paraty), que este processo começa a se intensificar.

A faixa litorânea entre Bertioga e a Baía da Ilha Grande era até então ocupada por comunidades de pescadores espalhadas ao longo da costa, pela produção comercial da banana e pela agricultura tradicional de subsistência. A única exceção era a indústria de construção naval (Estaleiro Verolme), em Angra dos Reis.

BR 101/ Rodovia Rio Santos – A grande transformação

A abertura da BR-101 - rodovia Rio Santos na década de 1970, a instalação do terminal portuário da Petrobrás em São Sebastião e das usinas nucleares de Furnas Centrais Elétricas em Angra dos Reis, foram obras monumentais de um governo autoritário que provocaram grandes modificações sociais e econômicas na região, construídas sem nenhuma preocupação com os impactos paisagísticos, ambientais nem sociais que causaram.

A partir de então as cidades da região receberam migrantes em grande quantidade, que iniciaram uma completa transformação nos padrões culturais e sociais das comunidades antes isoladas em suas próprias tradições. Surgem então dois novos padrões de ocupação: os condomínios de luxo dos veranistas e altos funcionários e as favelas dos pescadores expulsos de suas terras pelo capital turístico, empregados domésticos e operários.

A ausência de planejamento governamental coincidiu com os interesses dos setores envolvidos na construção de uma nova realidade sem controle nem planejamento, à altura dos impactos urbanos, ambientais e sócio-culturais provocados por esta nova realidade, que propiciou um crescimento urbano desordenado da faixa litorânea e a degradação ambiental da região.

Após a construção da rodovia Rio/Santos ocorreu uma desenfreada especulação imobiliária e uma brutal valorização das terras à beira mar, com conflitos violentos pela posse da terra e expulsão dos caiçaras de suas posses, que foram viver nas periferias e ao longo da rodovia, proliferando as invasões para moradias em áreas de encostas e manguezais.

A urbanização linear da faixa litorânea decorrente da construção da Br 101, representadas nos mais diversos tipos e padrões econômicos de ocupação habitacional fixa ou de turismo, marinas e outros empreendimentos, vem degradando a faixa litorânea com ocupações em áreas de preservação permanente (mangues, restingas e encostas acentuadas); com desmatamentos; com a alteração dos regimes hídricos; com o aumento de despejos de esgotos "in natura"; da ineficiente coleta, destinação final e tratamento do lixo; que se acentua significativamente nos períodos de férias e feriados.

A dinâmica do crescimento populacional para a região do litoral destaca-se pelo profundo declínio da população rural e o alto índice de urbanização . A população flutuante, em função das atividades turísticas, chega a alcançar e até superar várias vezes a população residente, aumentando a demanda sobre os equipamentos urbanos e a estrutura viária, e produzindo um excessivo parcelamento do solo.

Em 1983, visando proteger a única porção representativa e ainda em bom estado de conservação da Mata Atlântica na Região Sudeste, a Secretaria Especial do Meio Ambiente – SEMA, criou esta Área de Proteção Ambiental que levou o nome de Cairuçu, denominação indígena do Muriqui, presente ainda hoje na região e que quer dizer cai = o mico; ruçu = grande. Esta unidade de conservação visa racionalizar a ocupação do solo, bem como integrar o homem ao meio ambiente, mantendo assim um equilíbrio que refletirá em sua qualidade de vida.

Assim, a APA de Cairuçu foi criada pelo Decreto Federal no. 89.242/83, com o objetivo de assegurar a proteção da natureza, paisagens de grande beleza cênica, espécies de fauna e flora raras e ameaçadas de extinção, sistemas hídricos e as comunidades caiçaras integradas nesse ecossistema. Apresenta um dos últimos redutos da Mata Atlântica, dando excelentes amostras de suas variações e características, inclusive apresentando os vários estágios e transições das matas higrófilas de encosta aos manguezais em estado clímax.

RESUMO DE NOSSA HOSTÓRIA RECENTE

  • 1983 – Criação da APA Cairuçu
  • 1991 – Estruturação do primeiro escritório, no Centro Histórico;
  • 1995 – Construção da sede atual do escritório, no Portal das Artes;
  • 2000 – Início do processo de elaboração do Plano de Manejo da APA Cairuçu;
  • 2001 – Criação do Conselho Consultivo da APA Cairuçu;
  • 2005 – Conclusão e aprovação do Plano de Manejo da APA Cairuçu;
  • 2005 – Inauguração do Horto Florestal;
  • 2010 – Reestruturação do Conselho Consultivo;
  • Estudo diagnóstico das ilhas da APA Cairuçu;
  • Criação do Site da APA;
  • 2011 – Monitoria do Plano de Manejo da APA.

Fonte: Plano de Manejo da APA Cairuçu / IBAMA, 2005