Muito mais do que um colaborador, José do Carmo Albino Veloso, mais conhecido como Seu Zezé, faz parte da história ambiental no território e desempenhou um papel fundamental na implementação da APA de Cairuçu e na conservação da biodiversidade em Paraty. Era a memória viva da unidade: contava histórias sobre a ocupação de Paraty, mudanças na paisagem e influências econômicas nos modos de vida dos ocupantes. Vítima do COVID-19, Zezé deixou uma numerosa família, muitos amigos e inúmeros admiradores.
Era com grande carisma e um sorriso no rosto que Zezé recebia a todos na sede da APA de Cairuçu, sempre com seriedade, doçura e boa prosa. Mais do que um vigilante patrimonial, função que desempenhava com grande responsabilidade, Seu Zezé cuidava de todos. Seu olhar atento e sua sensibilidade detectavam pequenas variações de humor que auxiliavam os servidores durante os atendimentos ao público.
Desde pequeno estabeleceu uma relação respeitosa com o meio ambiente e desenvolveu grande conhecimento sobre a biodiversidade: era um excelente mateiro. Ajudou inúmeros pesquisadores que buscavam a sabedoria local para realizar seus trabalhos em campo. Começou a trabalhar como tropeiro com o pai, foi machadeiro, trabalhou na abertura da BR 101 e começou a trabalhar na APA desde a sua criação, em 1983. Projetou e construiu a sede da unidade, com materiais doados. Plantou árvores, conhecia a flora da sede como a palma de sua mão.
Morava no interior da APA, em Pedras Azuis, e seguia firme em sua militância pela causa ambiental. Grande liderança evangélica, Seu Zezé foi Ogam (tocador de tambor) no terreiro que originalmente ocupava o espaço do restaurante do Quilombo do Campinho da Independência.
A equipe do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade em Paraty manifesta seu pesar com o falecimento do querido Seu Zezé e se solidariza com a família, expressando as mais sinceras condolências.
Equipe do NGI ICMBio Paraty
Imagem do arquivo pessoal de José do Carmo Albino Veloso
