O material analisado no presente trabalho foi coletado na Plataforma Continental em frente ao estado do Ceará, durante as temporadas de pesca de lagostas dos anos de 1994 e 1995. No ano de 1994 a população amostral constou de 30 embarcações da pesca comercial, 21 operando com rede caçoeira e 9 com covos. Em 1995, um total de 14 embarcações foram controladas, das quais 9 operaram com rede caçoeira e 5 com covos. Durante o ano de 1994, um total de 243 viagens com 3.285 dias de pesca efetiva foram controladas para registro da produção e esforço. Somente 19 viagens foram acompanhadas por amostrador embarcado, num total de 185 dias de mar. Em 1995, um total de 103 viagens com 1.059 dias de pesca efetiva foram controladas para registro da produção e esforço, com 9 viagens acompanhadas por amostrador embarcado, num total de 90 dias de mar. Os coletores de dados tinham as funções de realizar amostragens das capturas por petrecho de pesca, fazendo o controle dos dados: espécie, sexo, comprimento do cefalotórax, profundidade do pesqueiro, quantidade de petrecho lançado e recolhido, produção em número de lagostas e volume de material trazido pelos petrechos. O controle da produção em peso foi feita por ocasião dos desembarques das capturas. Nas pescarias onde não ocorreram embarques de coletor, apenas o esforço de pesca e a captura foram controlados. Neste trabalho são analisadas as características dos estoques populacionais de lagostas capturadas com covos e rede de espera e feitas comparações entre estas características. Também são estimados fatores de correção que permitem a redução do esforço entre as artes de pesca. A análise dos dados permitiu as seguintes principais conclusões sobre a pesca de lagostas com covos e rede de espera: 1- não existe diferença estatisticamente significante entre os comprimentos médios de cefalotórax de uma mesma espécie de lagosta quando capturada com rede de espera e covo; 2 – por faixa de profundidade são os seguintes os valores médios do comprimento do cefalotórax das lagostas: Panulirus argus – menor do que 20,0 m = 79,4 mm, entre 20,0 e 40,0 m = 82,3 mm e maior do que 40,0 m = 95,5 mm e Panulirus laevicauda – menor do que 20,0 m = 66,7 mm, entre 20,0 e 40,0 metros = 69,7 mm e maior do que 40,0 m= 76,5 mm; 3 - A lagosta Panulirus argus não apresenta diferença estatisticamente significante no comprimento médio do cefalotórax até a profundidade de 40,0 m, mas a partir desta profundidade o comprimento médio é maior quando comparado aos valores observados em menores profundidades; 4 - com relação à lagosta Panulirus laevicauda não se observa diferença no comprimento médio de cefalotórax para indivíduos capturados em faixas de profundidades consecutivas, mas as lagostas capturadas em profundidades superiores a 40,0 m possuem maior comprimento médio que os indivíduos capturados em profundidades inferiores a 20,0 m; 5 - As maiores capturas de lagosta com comprimento inferior ao comprimento mínimo de captura, tanto para a rede de espera quanto para o covo, ocorrem na faixa de profundidade inferior a 20,0 metros e decresce conforme a profundidade aumenta; 6 - Em geral, o covo captura indivíduos pequenos em proporção maior do que a rede de espera para ambas as espécies e 7 - o índice de conversão do esforço de pesca da unidade covos-dia para metros de rede-dia foi estimado em 8,718 covos-dia/metros de rede-dia.
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