Operação Vento Forte

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Profissional com alimento escondido e atraindo apenas uma espécie de peixe (Foto: APACC)
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Exemplo de um ambiente com com pouca ou nenhuma interferência humana (foto: Juliano Fritscher)
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Gaiolas destruidas após a soltura dos animais (foto: Pedro Lins)

Com a participação de uma equipe de fiscais da Coordenação Regional 6 do ICMBio foi realizada a operação "Vento Forte" na Area de Proteção Ambiental Costa dos Corais (PE e AL) e Reserva Biológica de Saltinho (PE). As ações tiveram como objetivo o combate à caça e à captura de aves silvestres, verificar o cumprimento de áreas embargadas, atendimento a denúncias encaminhadas pelo MPF e DPF-AL, assim como, verificar se o regramento das Zonas de Visitação e da Zona de Conservação da Vida Marinha do Peixe Boi na APACC esta sendo cumprido.

Durante os dez dias de operação a equipe visitou todos os municípios da APACC e do Entorno da REBIO Saltinho identificando as irregularidades encontradas e autuando ou notificado os responsáveis. Foram gerados 16 autos de infração e 03 notificações, totalizando um valor de R$ 145.000,00.

Após um serviço de inteligência, infiltrando agentes de fiscalização à paisana como turistas no sentido de identificar e flagrar irregularidades dos diversos prestadores de serviço que atuam na Zona de Visitação do Município de Maragogi (AL). A ação teve como foco principal a identificação das pessoas que trabalham com fotografia subaquática ofertando comida para os peixes, esta ação não é permitida em nenhuma Zona de Visitação da APACC, conforme seu Plano de Manejo. Vale salientar que todos os profissionais que trabalham nas piscinas, devidamente autorizados pelo ICMBio, tem pleno conhecimento dessa regra.

Em Maragogi foram identificados e autuados 5 prestadores de serviço de fotografia subaquática dando alimento para os peixes. Essa atividade, embora possa parecer sem importância, promove um grande impacto na comunidade de peixes recifais. A Pesquisadora Caroline Vieira Feitosa (Universidade Federal do Ceará) realizou um estudo sobre o tema em Maragogi  (veja referência abaixo), ela afirma que a oferta de alimento promove um impacto ecológico negativo na comunidade de peixes recifais, favorecendo o acréscimo em abundância de umas poucas espécies alterando a estrutura trófica da comunidade.

O Analista Ambiental Eduardo Almeida ainda lembra que os recifes formam um ecossistema de alta biodiversidade, mas de baixa resiliência (dificuldade em retornar as condições originais) e que as pessoas que fazem uso deste artificio, para atrair os turistas e vender mais fotos, estão dando um "tiro no pé", pois a qualidade do ambiente fica ameaçada.

Segundo o Fiscal "infiltrado" do ICMBio Paulo Faiad (Analista Ambiental e Chefe da REBIO Santa Isabel): "o mais curioso é que na ida às piscinas, à bordo da embarcação, foi apresentada uma palestra bem adequada, falou-se da APA Costa dos Corais, sua importância, regras nas piscinas (inclusive que é proibido dar comida para peixes) e regras de segurança. Mas ao chegar ao local verificamos vários profissionais dando comida para peixe."

Na Reserva Biológica de Saltinho, em sua área de entorno, foram flagrados e autuados 5 "passarinheiros". Embora seja uma prática ilegal (infração administrativa e criminal) muitas pessoa tem o hábito manter animais silvestres (principalmente passarinhos) em cativeiro. Alguns ainda levam os animais para "passear" nas proximidades de sua "terra natal" (a mata), essa prática tem por objetivo diminuir o estresse do animal em cativeiro e ainda pode ajudar a atrair outros pássaros selvagens para serem capturados com arapucas. cada pessoa flagrada recebeu multa de R$1mil e ainda poderão sofrer um processo criminal, pois todos os relatórios serão encaminhados à Ministério Público Federal para análise.